O jorro.

Sinto um aperto desconcertante dentro de meu peito, algo me falta neste espaço que cabe o tamanho de uma mão e mesmo assim não posso chorar... não tenho mais tempo. sinto-me sozinho nesta multidão de vai-e-véns pra todos os cantos do mundo de além do Bojador, somente o abismo profundo.

Aviso logo que a melancolia não pode ser lida e nem dita, ela me faz pensar no monólogo da vida de um forma distinta e irreparável. Minha dor é muito pequena não pode ser vista e nem expressa em palavras. Um poço de dicotomias e inverdade, um misto de embaraço com desilusão. De que vale a vida? de que valeria a morte, se lhe faltasse um suspiro.

Sinto falta de algo que não me faz falta. Não é um corpo qualquer. Não um espírito ou um sujeito que se evade de si mesmo para fora. apenas lá fora. apenas fora de lá, um frio que passa e fica..

fica. fica. fica. fica frio.ooo... meus dentes já tocam um ao outro. sinto minha carne se desfazendo entre lágrimas nunca choradas.

Tenho saudades do que perdi, tenho saudades do que perdi e assim mesmo minha consciência e meu martírio não me deixa em paz.
Nunca terei paz, nunca haverá guerra maior do que aquela que travo todas as noites quando deito em meu colchão. Nesta guerra não há vencidos ou vencedores, apenas corpos que eu custo a acreditar um dia voltar a vida.

Pode deixar isso tudo pra lá, minha dor não vale a pena ser falada e muito menos pensada ou refletida. Sou aquele que se esconde atrás das letras, confesso meu pecado diante de uma vida sem sentido e com muito nojo. Não custa chorar o nada. Custa dar risada de tudo. Eu? apenas vejo e sinto todas as dores do mundo.

Visualizei minha última linha poética e assim como já esqueci de quase tudo que escrevi, termino querendo me jogar de cima da cadeira e assim a corda queima meu pescoço. Vejo minha consciência passar em poucos neurônios e as sinapses são agora meros algorítimos sem sentido.

Meu sangue pinga e não sinto a parte de cima de meu corpo. Minha cabeça dói. Minha cabeça dói pouco agora. Já não vale mais a pena viver, quero voltar para o fim...

E assim faço a viagem de volta para o passado que só eu sei.Dói. volto ao últero. o começo do começo. o efeito borboleta invertido. sou o feto feito verso. era o fim. capítulo final de uma dor.

Ass.: papel de seda e uma gota de sangue.

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