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Mostrando postagens de janeiro, 2010

A dona da festa.

Escuro... Escuro. Escuto um barulho no meio da escuridão e removo a pedra de minha caverna. Ela lá fora me chamava pra correr. Eu? correr? Pensei isso não era pra mim. Mesmo assim doeu muito. Eu dei um sorriso pequeno tentando esconder meus desejos e nada disfarçou meu interesse. Andamos poucos minutos e chegamos ao fim da caminhada fatigados pelos calos nos pés e eu que não gostava de caminhar pensei em desistir. Descalço, ali vesti minha roupa de missa e ela deu-me sua mão, íamos a festa juntos. Ah! que festa linda era aquela. Tantas músicas tocavam na radiola e era a primeira vez na minha adolescência que uma garota me chamava pra ir à uma festinha da escola. Enquanto o escuro se dissipava e as luzes estrabóficas acendiam e apagavam no salão da festa. teu olhar piscava como duas estrelas no universo das palavras sem significados aparentes. insignificâncias de quem só escreve pra se esconder. eu o menino feio. ela a menina mais linda da escola. era um sonho. eu aluno ela minha colega

Ciranda da Bailarina

Ela nasceu numa família de gigantes que viviam ao redor do mundo levando as flores desejantes para as crianças que insistiam em viver tristes e pelos cantos... Mas e ela? Quem é ela? Alguns a chamam de bailarina! Noutro dia vi sua mãe chamá-la de menina birrenta. "Essa menina só quer saber de dançar e cantarolar músicas aos deuses de outras terras pintadas com giz?!!!" dizia sua mãe a mim. Não me sentia nem um pouco chateado com isso. Ela sempre dançava pra mim. Éramos felizes e ninguém sabia. Havia muito amor e doçura sabedoria naquele sorriso. Suas pernas pareciam dois logarítimos estranhos.... Eles pareciam nunca se entender. Mas logo vinha uma ponta. Um pliè? Acho que era assim que ela me dizia o quanto sabia dançar na ponta dos pés.... Ela dançava muito bem lá no quintal dos meus sonhos, sonhos que eu inventei.Pintei em cores vivas só para vê-la acordar e seus sorriso dançava e dançava por entre meus dedos. Eu era feliz e sabia. Era tudo tão mágico. Como pernas que dança

Ostra feliz não faz pérola

"Ostras são moluscos sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas,sopas. Sem defesas - são animais mansos-, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentros das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão.Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro de sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia

Isso não é para refletir...

Rubem Alves, para quem não o conhece tenho uma dica interessante: "Vá até um dos maiores sites de busca, falo do Google,é claro que se você tiver outro melhor apenas digite "Rubem Alves", lá encontrarás referências importantes sobre esse que é um dos escritores brasileiros mais importantes da atualidade. Certo? Espero que sim. Após este incremento literário de markenting em favor de meu amigo Rubem, sinto-me à la vontè para transcrever ipsi literi um texto seu que me chamou bastante atenção dentro os muitos que ele escreveu em sua trajetória como escritor, filósofo e o "diabo à quatro"... o texto se chama "Ostra feliz não faz pérola", uma linda história de amor regada a pintadas de reflexões finas e molhadas... é claro pérolas tristes e encantadas. Sabe... Lendo os textos de Rubem, sinto muita inveja dele. Eu queria tanto escrever desse jeito e não sei como. Às vezes fico angustiado. Mas logo passa a dor e vem uma rasa alegria de poder ver operar-se m

sobre o verso da dor.

Sinto-me um abandonado de mim mesmo, uma intersecção de um "lugar nenhum" para nenhum lugar fora de hora. hora ardua de chorar o sobejo perdido. a calma de sorrir da tarde que já se foi. horas perdidas por entre cheiros imaginários. um relicário de gestos que se perderam num tempo qualquer do universo passado. a finitude do universo é seu passado humano. quando ainda andava por entre os prédios de plástico. são frases e palavras retorcidas e sem sentido algum pra quem não lê. são muitas coisas e nada a escrever. um abandonado de mim mesmo. uma sensação de solidão. um gosto amargo de ser só, sem uma nota musical que possa dar dó. dó de ver e tocar. o prelúdio que avança no esquecimento de uma dor que insiste em ser dor. dor de corno ou de ódio. dor com óleo que se esparrama pelo chão da sala que eu nunca tive. ter o óleo da cozinha esparramado pela panela de arroz que eu nunca fiz questão de aprender a fazer. dor de ser simplesmente eu. solidão de não se sentir igual a minha.

o menino e as letras invertidas.

um moço na feira dos desejos grita: vai aí um verso qualquer? com molho de brincadeira ou um beijo atrás da igreja? ecoa uma voz por entre os ouvidos... vendem-se beijos seus na feira de desejos. um menino travesso retrucou: quanto custa seu moço? e ele respondeu: não custa nada. o menino no ápice de sua alegria, nem perguntou o porquê disto. quando então o feirante respondeu: é só cantar uma melodia melancólica e esperar enquanto desabrocha um beijo de dentro daquele flor ali. e apontando por entre os galhos secos e retorcidos, o menino viu um lindo vaso decorado com figuras infantis tão simples como o orvalho da manhã... sabe-se que o menino olhou para o vaso e não vi flor nenhuma. então com raiva e assustado, o menino perguntou: onde está a linda flor que o senhor me disse que teria neste vaso? o feirante dos desejos deu uma risada e olhando para os lados, virou as costas para o menino e saiu. sentindo-se fatigado com aquela conversa estranha, o menino andou dois passos atrás daquel

90 dias ao lado da vovó Varinta.

Lembro quando eu ficava olhando minha vó costurar numa máquina de costurar da marca Singer, bem antiga, acho que tinha uma inscrição quase criptográfica devido ao tempo de uso daquela máquina que remontava a época da era industrial européia, ditando assim: “desde 1909”. Devia ser a data de criação da fábrica. Eu nem pensava nisso. Só penso agora que a máquina não existe mais e se perdeu no tempo da minha imaginação, quando minha vó Varinta costurava uns "conjuntinhos" que eu usava, hoje as crianças não usam mais essas roupas. Não sei se usam mais... Que pena. Era tão bom, usar as roupas que minha vó fazia pra eu sair na rua. Eu “desfilava” (não entendam isto por vias que não preciso acentuar, que não são) com aquelas roupas como se estivesse numa passarela de moda da SPFW, como que se o mais interessante não fosse meu corpo desinteressante e antierótico (nem pensava assim naqueles dias da minha infância, somente tenho saudades), mas sim, a maestria das mãos que fitaram cada l

E eu que só sabia dizer vovó Varinta?

E eu que só sabia dizer "vovó varinta"? Quando eu era criança, lembro de minha mãe dizendo pra mim e minha irmã Guidu (não digam esse apelido à ela, ela só gosta que eu a chame assim, promessa de escoteiro leitores?) nos esperados sábados pela manhã, que íamos pra casa da vovó Varinta. Quanto barulho na minha casa. Nós na pressa de nos arrumar pra ir ganhar o dindim de coco que minha vó fazia pra vender. Acho que ela tinha prejuízos financeiros catastróficos, nós sempre dizíamos que íamos pagar depois pra ela, mas o único dinheiro que a gente podia dar era aquele que no final da tarde, quando (...) quando minha mãe gritava ensurdecendo os animais de nossa floresta inventada, lá no quintal da minha vó tudo era bom: "Everson e Valéria! Vamos! Vão tomar banho! Pra gente ir." Eu franzia a testa com olhar que retinia um :"Tá bom, mãe! Nós já vamos! e ela retrucava energicamente: "Agora! Já pro banho! Enquanto o "Já pro banho" ressoava simpli

Na casa da minha vó Varinta é mais legal (primeira parte)

Eu sempre caminho forçado, meus pés ainda não se acostumaram a tanta dança de pés pra lá e pra cá... Oxente!!! Que pés chatos... eu esbravejo. Só sabem reclamar o tempo todo de minha insistência em fazerem-nos labutar naquela longa estrada de ontem a tarde. Assim são todos os dias de minha vida. Eu ando um pouquinho, meus pés titubeiam... Eu corro minhas pernas reclamam em uníssomo que elas não foram projetadas para correr tão desesperadamente daquela maneira. Enquanto eu caminhava naquelas tardes ensolaradas e chuvosas, eu me preparava para simplesmente roubar parte do ar que me resta nesta vida estranha. Eu penso como devo correr, sigo os batimentos do meu coração. Tive um primo meu que morreu aos 40 anos com uma dor no peito bem forte e o coração dele parou. Que os deuses não durmam neste momento. Qualquer suspeita ligue 192 para o telefone da urgência e emergência e diz que eu trabalho lá. Mande uma ambulância rapidamente. E me sinto ofegante. Ufa! Ufa! Não vejo a hora de c

Ode ao amigo.

A Diego Mendonça Tua amizade nasceu quando éramos jovens, mesmo quando eu já me debruçava entre meus desejos e sonhos à espera de um porvir que eu pensava fantástico. Oh, todos os deuses ficaram estremecidos quando nos identificamos pela segunda vez. Tu parece ter nascido de um sonho demiúrgico qualquer, das entranhas de alegrias caminhastes ao meu lado por pouco tempo. que parece sempre pouco tempo sempre. terminável. Sentamos lado ao lado. E aqui estou tentando escrever sobre quem é você... Quem é você? Não sei, mais gosto de você. Gosto de você porque gosto, não tratarei de conjunturas específicas, muito menos discutir as metodologias empregadas que utilizei para chegar a tais conclusões nada científicas. Opss.. Basta olhar pra você! Para saber de sua grandeza humana e intelectual no simples olhar seu ou nas bobagens sobre família, sexo, drogas e rock in roll.(risadas sozinho, afinal falta você pra essa besteira)... Que o Deus cristão me livre das tuas ausências, que conforte minha

Olhar.

Imagem
Tomando partindo das letras que a partir de agora pretendo escrever, admito que fiquei atônito ao ver esta foto, não simplesmente pela beleza dos olhos de quem a tirou, mas pela sensibilidade daquele olhar. Não era aquele olhar tenro dos poemas de Gabriel Garcia Marquez, muito menos o olhar de ressaca da Capitu de Machado de Assis, era algo além da mera transcendentalidade do espírito. Seria metafísico?! Exclamou o filósofo ateu, que logo foi interrompido pelo cínico que retrucava aos prantos de lágrimas: "Tire este olhar da minha frente! Ele atrapalha a minha contemplação do sol! Claro, não sem antes reclamar da realeza daquele olhar sinérgico... Conheço muito pouco da senhorita, mas deste olhar não vou pedir permissão à ela e, vou entregar-me aos siginificados de um olhar seu. Olho seus olhos e não vejo além de seu espiríto divino, aos poucos me inferiorizo, e assim, sinalizo para a parada do ônibus e ele pára. Os passageiros olham para mim e pensam consigo mesmos: "Este me

O conto do velho pintor.

Um velho pintor caminhava calmamente, já não havia mais aqueles compromissos laboriosos e incansáveis de uma juventude regada a responsabilidades, não havia pressa alguma em seus passos lentos, porém, firmes como nunca. Isso, por um instante aflingiu seus pensamentos lá pelos tantos da idade que ele tinha... pensar interrompido, quando prostrou-se diante da moeda achada pela rua e ao erguer a mão viu que havia encontrado uma moeda de apenas poucos centavos, de nada lhe servira aquele troço tosco e de valor infeliz, afinal ganhara tanto dinheiro como artista de rua e isto tornou-lhe famoso entre os círculos dos abandonados e espúrios da sociedade. E, então, permaneceu atento ao seu trajeto que percorreria até sua casa, preocupado como nunca, já que ao subir a escada que o levaria até seu quarto concretamente frio e insólito, corria um perigo diuturno ao cair e, assim, depender da senhora gorda e italiana do apartamento 213, que viúva de um homem - desconhecido a ele- certamente com um s

Noutra margem do rio: A distância.

A que distância um sentir pode estar? Em que sentido encontra-se uma distância? Não é meu desejo ser redundande, mas apenas sintetizo uma perturbação intíma. Sempre falo de minhas intimidades tão abertamente. Então não são mais segredos? Claro que não. De alguma forma, você refez o caminho percorrido por outros. Mas, enfim, apenas vou procurar entender a força inútil que exerce a distância sob duas estórias tão distintas como as nossas. Uma vez caminhávamos juntos, conversávamos sobre desejos e aspirações infantis, essas coisas hodiernas, quando, repentinamente algo me tirou a atenção(não se preocupe, você nada viu!). Era apenas um gatinho ao lado da mesa, ele parecia aspirar carinho e um pouco de leite (eu acho...) da minha parte. Não gosto de gatos, acho que isso é recíproco. Ainda bem. Mas naquele dia, o pequeno e inocente gato aconchegou-se ao lado de meu pé e dormiu. Porquê? Não deve ser culpa dele. Não era culpa nossa. E assim continuamos a conversar coisas. Lembro daquelas tarde

Peripécias.

Peço desculpas aos meus desatentos leitores, pois hoje vou recitar um verso para a senhorita B. Não quero postegar as leituras de vocês, quero apenas repousar meus dedos sob versos que pensei quando ainda era criança e não sabia como escrever. O verso se chama: "Peripécias de dois enamorados". A distância nos separou por um breve momento, não sem antes deixar cicatrizes, não sem antes encravar pregos romanos em minhas mãos. Não me abandonastes, por uma escolha sua. Me abandonastes por uma escolha do descrente destino que a levou para perto de mim. Não sem antes deixar mágoas profundas. "Não me faça sofrer mais!", grita o ditirambo quando a corda se parte ao meio. Ele cai. Se dá conta de seu sangue e chora a saudade dela. Que saudades? Ora é sangue. Ora é apenas desamor. Sinte raiva o ditirambo, pois o baile chegou ao fim. E ele? Sozinho como nunca. Saí sozinho da festa. E ela? Onde estás? Foi se embora para outro nada? Respondeu o bailarino: "Ela se foi por ent

A história contada em dois passos.

Imagine-se agora caminhando por um pequeno caminho, des ses que vemos em sonhos e filmes que assistimos numa noite de sábado. Então, perceba que ná há ninguém ao seu lado. Ao seu lado ou a sua frente, não há nada de vida... Tudo cheira sem importância. Os barulhos e balbucios dos animais se perdem no vão da floresta incendiada... Neste momento você sente uma presença estranha e se dá conta do quão inútil foram aqueles cuidados todos tomados quando ainda planejara aquela viagem sem volta. Por um monento você sente medo e deu-lhe uma vontade angustiante de correr e logo você corre. corre. corre. Não sem antes dá-se conta de olhar para trás (não se preocupe, não irás tranformar-se em uma estátua de sal como naquela velha estória contada quando eras pequena!). Cansado da rapidez de seus passos, sua respiração ofegante e o suor que transpira por sua pele você olha mais uma vez para trás, já não sente tanto medo como antes. Você já é outra pessoa. Nada de preocupações, contas á pagar ou pro

Era apenas uma manhã de um sábado qualquer.

Esses dias eu acordei com saudades dela. Não com aquela imensurável vontade de beijá-la ou até mesmo ouvir sua voz doce, somente saudades dela. Então levantei e perguntei ao meu egocentrismo vazio e sem nexo: "Porque sento saudades da senhorita B. agora? Estás ficando louco? Ela já não existe no seu mundo? Não foi embora para aquela terra distante? Então interrompendo a incredulidade de meu ego, respondi: "Cale-se! Não digas asneiras". Ela está tão próxima de mim como a última lágrima de saudade que rolou em seu rosto. Fui embora para perto de mim. Esqueci do amor por uns poucos séculos...Somente isso. Será que não vê?! Neste momento "aquele que se diz" retrucou rapidamente: "Onde está aquele belo sorriso de aurora de senhorita B.?" Eu fiquei sem palavras. Eu não lembrava mais daquele sorriso. Mesmo estando muito perto dela, sentia que ela estava tão triste. Eu ficava a observá-la pelos corredores sempre tão triste, lembrei de um verso de Florbela Esp

Reflexões de Ano Velho.

Enfim, posso finalmente voltar a escrever. Meus dedos já estavam quase perdendo a sua dignidade: as digitais. Convenhamos que escrever não é pra poucos, todo mundo escreve algo. A linguagem é algo tão extraordinário que me vejo velho entre os escombros de uma vida normal a chorar, tentando entender porque não pude escrever mais sobre a vida. Passando deste tom saudosista e caquético, vou escrever sobre uma idiotice que pensei neste final de ano. Porque comemorar natal e ano novo? Já me perguntei mil vezes sobre isso e ainda não cheguei a respostas interessantes, entao resolvi coletar algumas aqui mesmo pra ver o que meus céticos leitores acham disso. "Comemorar o natal e o ano novo é como se nossa vida mudasse drasticamente de um lado do rio pra outra margem, nos molhamos sem sair do chuveiro de casa." "Penso no natal e me vem a cabeça: o nascimento do menino Jesus. Penso no ano novo e me vem de novo a mente: Caralho! As contas que eu fiz em Dezembro serão pagas em Janei