Na casa da minha vó Varinta é mais legal (primeira parte)

Eu sempre caminho forçado, meus pés ainda não se acostumaram a tanta dança de pés pra lá e pra cá... Oxente!!! Que pés chatos... eu esbravejo. Só sabem reclamar o tempo todo de minha insistência em fazerem-nos labutar naquela longa estrada de ontem a tarde. Assim são todos os dias de minha vida.

Eu ando um pouquinho, meus pés titubeiam...
Eu corro minhas pernas reclamam em uníssomo que elas não foram projetadas para correr tão desesperadamente daquela maneira.

Enquanto eu caminhava naquelas tardes ensolaradas e chuvosas, eu me preparava para simplesmente roubar parte do ar que me resta nesta vida estranha. Eu penso como devo correr, sigo os batimentos do meu coração. Tive um primo meu que morreu aos 40 anos com uma dor no peito bem forte e o coração dele parou. Que os deuses não durmam neste momento. Qualquer suspeita ligue 192 para o telefone da urgência e emergência e diz que eu trabalho lá. Mande uma ambulância rapidamente. E me sinto ofegante. Ufa! Ufa! Não vejo a hora de chegar ao fim desta estrada à esquerda.


Ofegante como deve ter ficado Alexandre Magno quando venceu a Batalha de Queronéia? Deve ser. Eu não estava lá.

Caminhar sempre nos faz pensar além dos passos que serão dados no continuum da vida que levamos. Então pensei enquanto caminhava e lembrei dos tempos quando eu era criança e costumava cair como um “molenga” pelas ruas desta cidade imaginária, meu pai me chamava assim, e eu não sabia pronunciar palavrões. Ainda bem. Sei que ele não daria um sorriso como permuta de uma dessas palavras obscenas saindo de minha pequenina boca, talvez sem dentes permanentes. Os dentes de leite não se sentiriam a vontade. Nem eu.


Ainda não sei a maioria dos palavrões. Que merda! Esqueci do que estava falando. Brincadeira meus leitores! Apenas uma ferramenta discursiva para chamar-lhe a atenção para as contradições deste texto ora lido. Nossa quando minha mãe soltava da minha mão. Era um desespero só. Mas, hoje até sei andar de bicicleta com as mãos soltas. Acho que melhorei.(risos inventados pra nomear minha abertura labial)kkkk(msn e não sei o que significa).E me veio a mente um raio de pensamento sobre minha infância (nem pior, nem melhor do que a sua que lê este pequeno texto, apenas uma infância.) na casa da vovó Varinta.

Minha vó fará 90 anos no próximo sábado desse mês, sei que mesmo doente de carne alí bem pertinho de sua sã consciência ainda mora a vovó que me pegava pelo braço pra dar banho... e eu aos berros dizendo que não queria e logo vinha um pedido antipunitivo meu, dizendo: "Pu favô vó, eu não quero tomar banho agora, eu tomo depois quando chegar em casa." sabiamente ela respondia com a propriedade prática de quem havia criado sob a luz da lamparina velha do meu avô seus 12 filhos, assim: "Tu não vai tomar menino que eu sei. Te aqueta ali na beira do jirau, que eu vou pegar a cumbuca."


Eram palavras que ouvia e chorava. Parecia que eu havia sido condenado a andar errante pelos Sete Círculos condenatórios do inferno de Dante Aliguieri. Eu não queria tomar banho naquela hora. Podia ser em casa. Em casa o jirau é mais largo, eu pensava. Tudo mentira que eu inventava.

E depois do banho a gente enrrolado na toalha, vovó nos dava um dindim de coco pra gente chupar... Afora as indagações insunuantes sobre minha sexualidade... eu penso: "como era gostoso chupar aquele dindim de coco da vovó Varinta.” Deu até um sabor imaginário na minha boca de adulto. UUUMMMM, que delícia.


Sei que em seu íntimo minha querida vovó Evarinta, com sapiettia que sempre tivera, ainda sibila em seus pensamentos as alegrias e tristezas de ontem quando costurava nossas roupas infantis e ainda arranjava tempo para costurar a de meninos lá da rua dela. Eram uns chatos aqueles meninos, mas sabia dar razão a capacidade de costurar da minha vó Varinta.


E eu que só sabia dizer vovó Varinta?

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