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Mostrando postagens de 2014

Encantamento ou sobre Manoel de Barros.

Pelas contas que faço, já se passaram quase 5 anos desde meu primeiro mísero texto inaugural para este blog. Hospedado na minha mente, eu seleciono meus encantamentos e os transmito através da minha cava escrita, que ouso dizer, parece mais uma pintura rupestre.  Digo isso, porque nessa hora, 22h53 segundo o relógio do computador desta Delegacia de Polícia de Extrema, ainda dia 31/12/2014, hora local de Rondônia, veio à mim as palavras do poeta falecido no alvorecer deste ano de 2014, ele se chama Manoel de Barros. Eu nunca li sequer um livro dele, talvez 2015 me traga algum poema talvez, mas ao ver uma entrevista sua, lá pelos idos de 2005, ele me diz assim: "Já me perguntaram porque eu gosto das coisas sem importância, das coisas que são jogadas fora...eu acho que o que dá importância as coisas não é o tamanho, não se mede por fita métrica, o que dá importância a essa coisa, é o encantamento que essa coisa produz.".  Esperamos muito do futuro, e fazemos pouco pelo

Pelo quarto, aniversário.

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Querida filha Sophia, Sua avó Nilva, sempre diz: "Meu filho quatro anos, não são quatro dias", e eu digo mais, "Minha filha, quatro meses, não são quatro horas". Hoje dia 09/12/2014, foi fica 30 anos mais linda, nosso primeiro natal em família, nosso primeiro "tudo". Você ficando cada dia mais gordinha, felicidade transbordante e buchecha do fofão. Pelo quarto, aniversário. Parabéns, Distrito de Extrema, 09/12/2014 são 07h10.

Carta para Sophia. (Parte II)

Minha doçura de filha, Pitoresco é imaginar que daqui há alguns anos, eu e sua mãe, não seremos mais tão necessários para você. Calma, digo isso, não que eu sofra de algum distúrbio de sofrimento antecipado, apenas para lembrá-la que as fraldas trocadas, em sua maioria por sua mãe, não serão mais indispensáveis. Você aprenderá a tomar banho, usar papel higiênico, escovar os dentes, pentear o cabelo, enfim, saberá de todas coisas que nós aprendemos com o passar do tempo, e um dia, e espero que este dia demore, você vestirá sua melhor roupa e dirá "Pai estou indo na casa da Paulina", e eu retrucarei: "Mas quem é Paulinha?", e você certamente com aquele ar de enfadonho responderá: "Pai, minha amiga da escola".  Naquele dia, talvez, terá se completado a mágica da vida, minha linda Sophia, estará fora dos olhos atentos dos pais. Naquele dia dia haverá choro e ranger de dentes, tudo é claro imaginário. Rapinas, criminosos, psicopatas da minha cabeça sai

Carta para Sophia.

Querida filha, Daqui há alguns dias, fará 04 meses de vida (09/12/2014), e mesmo assim ainda acho que você não sabe do tamanho da alegria que é tê-la como fruto do amor entre eu e sua mãe. Por mais que você não entenda, por ser ainda bem pequena, apesar do seu ganho de peso inegável, algo que já venho reclamando faz tempo, é que você não cabe em nosso coração. Não cabe por que figura de linguagem ainda é pouco para expressar o amor que sinto por você. Esperanças, decepções, tristezas, alegrias, fraldas Pampers que custam até R$ 380,00 (mentira!), enfim, são tantos os sentidos que envolvem sua existência, que ainda careço de palavras para tanto. Muito coisa andou acontecendo, e infelizmente tenho que te contar algumas coisas chatas: Algumas pessoas importantes para sua família que se foram, e digo isso, não para deixá-la triste, mas para saiba que a memória deles, estará também sendo compartilhada com a sua. Tio Pintoba, Tia Vanda, Tio Mocó e Vovó Nenem.  Você não os conhec

Monomonia

Eu queria ser compositor, acho lindíssimo quem consegue construir rimas, melodias e letras, transformando toda aquela, antes monotonia, em música e movimento sonoro organizado, não como ditadura e nem como democracia, mas como som livre, sem limitações dogmáticas ou ético-morais. Nada escrevo e não toco qualquer instrumento sonoro. Meu tempo é um ditador silencioso, corrói aos poucos a estrutura de meus pensamentos. Tudo se passa na minha cabeça com uma rapidez tão intensa, que mal consigo respirar. Há tempo para tudo, menos para viver. Há tempo de festas e desejos, mas de saudades pouco se fala, e pouco se vive. Quinta-feira é triste, e com chuva fica menos poética e mais escura ainda. A blusa do lado errado cópia de trecho da música da Clarice Falcão, nem sei que música é, sei que é legal. Quantas inutilidades se tornam tão úteis quando se chove lá fora, como um chocolate quente com pouco leite, fica forte demais, e mesmo assim, ainda invejo os compositores de músicas. No Youtub

Sophia em três dias.

Em "Assim falava Zaratustra", o filósofo alemão Nietzsche escreveu sobre um certo "eterno-eterno", conceito que se desdobra de múltiplas maneiras ao longo de toda a sua profícua produção de pensamento, sobretudo, conhecido pelo alto grau de criticidade. Mas não vamos falar sobre irrelevâncias e achincalhamentos filosóficos, quero discorrer sobre a passagem do 3º mês de vida da filha da mangueira alta e frondosa, que atende pelo nome Sophia, alguns a chamam de Sophie, outros de Sófi, eu chamo de menina, para não perder o costume. Antes de citar um versinho pequeno que fiz em sua homenagem, quero agora abrir um pequeno parêntese. "Minha filha você completa amanhã dia 09/11/2014, três meses de vida, parece que nos conhecemos desde sempre, mas desde que a senti pele primeira vez, percebi que existia algo em mim havia mudado. E mudanças fazem parte da aventura que é a vida, com seus percalços, amarguras, alegrias, idas e vindas, a qual aprendemos e desaprendemo

Colagem

"Isso significa, se ele tiver razão (referindo-se o autor a Nicholas Carr no livro A geração superficial - o que a internet está fazendo com os nossos cérebros, trad. Mônica Gagliotti Fortunato Friaça. Rio de Janeiro: Agir, 2011, grifo meu), que a robotização de uma humanidade organizada em função da "inteligência artificial" é irrefreável. A menos, claro, que um cataclismo nuclear, por obra de um acidente ou uma ação terrorista, nos faça regredir às cavernas. Então, seria preciso começar de novo, para ver se dessa segunda vez fazemos as coisas melhor." (p. 193) (VARGAS LLOSA, Mario. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura/ Mario Vargas Llosa; tradução Ivone Benedetti. 1ª ed., Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Reflexões de um homem/ônibus.

“Dou-te mil vezes amor e beijos, se ficares comigo por um mísero segundo.” Eu disse para ela, sem nunca ter dito a verdade, sobre meus desejos e sonhos. Para quê desejos, se o que vale é não perder o ônibus? Estar na hora certa, é uma dádiva, talvez, imprescindível para a vitória sobre o cotidiano. Na periferia nasci, cresci e morri. E de lá sei que nunca sairei. No centro da periferia, não há estereótipos ou preconceitos, apenas comunhão, apenas comunhão de um ‘vir-a-ser”, uma vontade de ter dinheiro e não precisar pegar o ônibus ás 6h da manhã e chegar no trabalho ás 8h. Onde nasci, na cidade, não há cheiro de bosta de vaca. Há, acho que cascalho, subúrbios dentro de subúrbios. O que há são potenciais assassinos, desejos interrompidos, Freud chamou-o de ‘recalque’. Penso em não perder o horário do ônibus, chegar atrasado me incomoda e pode me levar a deserção. Meus pensamentos ficam limitados diante da minha derrota cotidiana, comprar o pão, fazer café, olhar meus filhos, calçar sap

Dorme Sophia, Dorme Sophia...

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casa vazia, estrelas não existem mais lá. sólido, meu coração intenta latejar um respirar humano. não há sabedoria nisso. há, talvez, distância. há, quem sabe, um sonho infantil á dominar o rosto de Sophia. sabedoria de criança é não sentir saudades. dor de adulto é que nem dor de ouvido, latente, latente, latente. Deixa o espaço íngreme, não vejo mais ela, Sophia, correr pela casa. Sorrir e dar gargalhadas. Onde está Sophia, será que se foi para outra ilha? Especulo que não. Não deixaria ela aquela casa, antes tão vazia, sem antes se despedir de mim. Sorriso de vento, vai-se embora que nem dá para notar detalhes. Esquina, lá onde moram os queres. Lá onde repousam os passarinhos, os palhaços, as meninas cor de rosa. Sapietia infantilis. Taxonomias inventivas tão desnecessárias, chega até ser redundante. Sem lógica alguma, meus pensamentos se descolam do previsível e penso levantar-me da cama, olhar o berço e ver Sophia, dizendo: "pai, já acordou?". Não se pod

Falso Haicai para Sophia.

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Quando Sophia nasceu, eu ainda era criança. Andava perambulando para cima e para baixo lá na rua Pirituba em uma casa de madeira pintada com cal na cor azul, era linda aquela casa. Ela, digo não a casa, mas Sophia, nem sabia que eu existia. Que tinha sabido de minha existência, não sei. Talvez sim, e talvez não. Deixa pra lá. Coisas de meninas. Não gosto de meninas, as acho muito chatas. Querem controlar nossas brincadeiras, não aguentam uma "dividida" no campinho de futebol. Se a gente não as deixam brincar, ficam bravas, e dizem que não vão nos deixar brincar de casinha com elas. Puros blefes sem sentido. Sei que não cumprirão tais promessas. E Sophia? Sophia nem andava por lá. Sophia ainda era superfície. Ainda era apenas mais uma ideia no vasto mundo da ideias platônicas. Essa menina toda vez que passa lá pela rua de casa, mas flor do que gente, inspira sorriso e molecagem, chama a gente pra brincar, depois fica mandando a gente sair da brincadeira, diz que a gente não s

Banho de Memórias: Nasceu Sophia

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Querida Sophia, ora filha, mais tarde, bem mais tarde, também mãe, namorada, cortejada, protegida, etc, etc, já se passaram 40 dias de seu nascimento na Maternidade Regina Pacis e aguardo você aniversariar dia 09/10/2014 com seus longos 2 meses de vida. Reclamo-te que para minha surpresa, fui critica veementemente por sua mãe, por não ter escrito um mínimo texto sequer, em comemoração ao seu nascimento relembrado.  Peço-lhe desculpas pelo meu deslize, mas apesar da alegria recorrente entre todos nós, familiares, amigos e estranhos, quanto ao seu fantástico nascimento, minha mente estava ocupada em cuidar de sua mãe, aturdida em carne abdominal machucada, após um parto cesariano necessário, pois, como é de conhecimento geral, seu cordão umbilical estava querendo tirar-lhe o ar, ainda intrauterinamente.  Após a internação na sexta-feira (08/09/2014), dormimos nós, eu, você feita em ansiedade e sua mãe. Somente uma correçãozinha, tentamos descansar, mas um misto de ansiedade, t

Diário de um pai ansioso: 37ª semana de gestação da Sophia.

Minha mãe sempre me dizia que mentir era feio, mas mesmo assim, eu permaneço mentindo descaradamente. Minto quando digo que não estou nervoso com o seu nascimento, minto mais ainda quando digo não temer se serei um bom pai e a mentira se torna ainda maior quando digo aos outros que estou preparado. Preparado eu diria se fosse fazer uma prova de concurso ou vestibular, a qual já expus meus conhecimentos inúmeras vezes, com vitórias e muitos fracassos, porém em relação a você, nossa filha Sophia, reitero minha incapacidade de ter certezas quanto a que tipo de pai serei. Como seu avô Antônio é meu padrão de pai, acho um ótimo começar por ele, depois eu vejo que espécie de pai posso ser, talvez com defeitos, chatices, mas sempre alguém que ama e cuida de quem ama.  É certo minha querida Sophia, que você está sendo ansiosamente esperada, é como se eu e sua mãe Giselen estivéssemos com um presente delicadamente embrulhado pelo período de nove longos meses. Cada dia, transmutado em seman

Pela escola que há em mim: Homenagem a Escola Marcello Cândia, subsede Bairro Marcos Freire e aos Formandos de 2004.

Acordo assustado, mamãe gritando no meu pé do ouvido: "Levanta menino, tu vai te atrasar pra escola... E chama aí tua irmã", como se com a voz estridente e ressonante, já não tivesse tirado minha irmã de seu sono sacro. Mesmo à contragosto, levanto a cabeça, porém o corpo desobedece a ordem originada de meus poucos neurônios ainda ativos. Insisto novamente nesse intento hercúleo, porém apesar das minhas "boas intenções", minha mãe interfere, serenamente, com sua voz que ecoa, algo semelhante a algum cântico monástico, repetido e mimetizado por mim, quando ela diz: "Olha eu tô só falando pra tu levantar, agora se eu for aí, eu te puxo dessa cama e te dou um banho, e tu vai pra escola de couro quente", penso que palavras podem doer tanto quanto a realidade.  Levanto e espero minha hora de ir banheiro. Entro naquele lugar úmido e de chão gélido. Escovo os dentes com os olhos fechados, cumpro somente o estrito das regras de higiene pessoal. Visto meu unif

Segredo entre um pai e Sophia

Sophia, minha filha acorda do teu avô Antônio, peça que ele faça um café, que eu vou comprar pães e, enquanto isso, diga à sua mãe que frite os ovos, mexidos, está bem? Vá até sua mãe e peça moedas de saudades, veja se é possível comprar amor com moedas. Desconfio que não, mas vale a pena tentar. Olha mas não acorde sua avó Nilva, ela está cansada por demais, passou a noite inteira pensando na sua festa de boas vindas.  Depois Sophia caminhe até a cama, acorda sua tia Guidu e diga à ela que o sol já raiou e o que banho está à sua espreita, apenas aguardando o momento para a libertação da água no corpo. Em seguida pegue sua bicicleta, e pedale como uma menina louca, com "coidado" para não cair e se estrebuchar toda, siga minha orientação, porque dói muito joelho/asfalto/sangue, e pai que é pai, até fica chateado às vezes, mas sempre quer o bem dos filhos.  Pedale um pouco mais, depois mais, mais e mais, quando chegar no fim da rua dobre à direita no Sítio Vista Alegre

Sophia, me ensine a aprender a escrever.

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Filha, filhinha, fecha a janela, esse vento forte e frio pode te deixar gripada. Pequena gotinha de vida, abro a janela do teu sonho e só o que vejo lá dentro é alegria e esperança, não há como esconder-se de mim, seu filho feito menino. Levante Sophia, me ajude, por gentileza, a andar sem medo de cair e peço que me ensine a aprender a escrever, preencher papéis, ainda os vejo todos em branco, umas histórias, talvez, por se escrever e outras tantas para se contar aos velhos amigos nunca esquecidos. Filhinha não me deixe passar calafrios e dores noturnas, dê-me um cobertor bem quentinho, se possível cor de rosa, seria-me mui agradável, dormir tranquilo e lembrar que amanhã o dia não tem fim. Não tem relógio que desperta, não tem sol que entra pela fresta da porta e não tem nem lua que faz gente dormir. Tem é sim aconchego, leite, choro, dor, soluços, e que por serem muitos não sabem eles rimar com cor. Espia só fia, cuide de mim por gentileza, porque quando eu for criança

Espera

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No escuro do meu quarto penso que você, a qualquer hora noturna, vai bater à porta, e me dirá com um sorriso estridente: "Pai, cheguei! Bença pai!", e eu, balançando a cabeça da confirmação, direi apenas "Deus te abençoe minha filha". Minha filha? Como pode um pai querer ser o dono de sua filha? Isso não há de ser assim. É um paradoxo por de mais cansativo pensar essas coisas, gostaria mesmo era de somente beijá-la fraternalmente, e esperar que me dissesse, "Pai me ajuda no dever de casa?", a qual diante da minha paciência já tão conhecida, iria caminhar até a mesa de estudos e a ensinar a matemática que eu juro, juro, que fingirei saber resolver os tais problemas. Esperar nem sempre é tão chato, existem esperas boas e magníficas, como quando sua mãe Giselen, faz macarronada com beijo ou mesmo aquele pudim de paixão. A espera não se torna assim uma tortura com T maiúsculo, mas sim algo de uma doçura poética. Ah! Sophia como esses meses foram de apre

A tarde que tive com Ivan Junqueira: Entre livros e chuva.

Era uma tarde a qual me lembro um tanto chuvosa, e eu sozinho caminhava até a livraria. Não sei agora de onde vinha e nem me recordo para onde, talvez, iria eu naquele dia qualquer. Obrigações forçadas sendo cumpridas, e um aperto no coração de, sei lá, não conseguir concluir às que ainda faltavam serem cumpridas. Ao entrar na loja fiquei encantando com tudo, os livros, as revistas com capas de mulheres nuas, os contos românticos, livros de história, enfim, as estantes abarrotadas de uma organização inesquecível, e sobretudo, invejável, ao que me pareceu instantaneamente ir de encontro com minhas aspirações humanas, tornar-me um não ser organizável. Caminhei, olhei os preços, apaixonei-me pelas capas com mulheres que eu nunca vou amar, conversei comigo, lembrei que tinha pouca dinheiro na carteira, olhei para a vendedora da loja e tornei-me a desconfiar de mim mesmo como um possível ladrão de livros. Enfastiado com a dor da pobreza, quis ser eu capitalista rico para comprar um bom liv

Diário de um pai ansioso: Sophia entrando na 34ª semana

Bom Sophia minha filha, se você está lendo esse trecho é porque venci, pelo menos no tocante a alfabetização tu começaste com o pé direito na vida. Minha querida filha, tu não deixa tua mãe dormir a noite, é um mexe para lá é um mexe para cá, isso tem me deixado um pouco preocupado. Tenho a leve impressão que a marca da minha mão vai ficar gravada em seu rosto intrauterino, morada atual, e logo logo lugar sozinho à espera de um irmão ou irmã, quem sabe. No início tive medo de pensar à vida divida a dois, agora que já passei por essa fase psicológica, penso na vida à três, Eu, você e sua mãe, vidas à trezentos. Porque trezentos? São tantas pessoas que torceram para que você viesse a este mundo, uns chamam isso milagre, outros recorrem a explicações às mais mirabolantes possíveis, eu penso que pode ser tudo isso aí e muito mais.  Engraçado minha filha, que você nem nasceu ainda, e eu já faço planos do que poderíamos fazer juntos quando você do meu lado, eu te olho, e vejo sua mãe, v

Homenagem a Diego pelo aniversário.

Certa vez meu amigo Diego me disse que “poesia é pouca letra para muito papel”, confesso que na época não entendi muito bem, e agora depois de alguns anos, continuo não entendendo. Não porque não queira, mas sobretudo porque não quero compreender. Nem a frase e nem Diego. Por que entender quem não pode ser compreendido? Saborear Diego em sua ausência é quase uma masturbação de saudade, repetindo sempre as conversas e vivências passadas, reiteradas quando a memória vem á tona, e acabo eu, quase sempre, enchendo, metaforicamente, o saco da minha esposa Giselen, com bobagens que para ela, são meramente palavras ao vento. Muitos dizem que alguns só se recordam dos amigos no dia do seu aniversário, penso que isso é uma inverdade, pois até hoje não sei direito qual o dia do aniversário do meu amigo Diego, e para não errar, acho que é todo dia. Mesmo no meu silêncio imposto pelo trabalho, pela ausência, até hoje sentida, pelo parto que ainda está por vir, escolhi este dia qualquer para h

Versinho para Sophia

Um versinho bem pequenininho para a menina Sophia., Um beijinho assaz molhadinho para a garotinha que assobia, Um agradinho bem rapidinho para a sapequinha que corre para a escola, lia, Um jeitinho sincero para o retorno da guerreira segura, valei-me minha virgem Maria, só ria. Abraço tortinho, que nem afaga mas conforta, coração que bate apertado enquanto menininha não chega, espia. Saudadezinha pequena, da árvore/prédio que me assusta, viro um samurai quando ia a menininha Sophia subir por lá. Vê se não cai! Versinho que se repete para caber no papel, um coraçãozinho que bate apressado, aguardando a hora esperada. Phiinha como diz meu pai Antônio, Sufia como diz minha mãe Nilva e Só filha como pensamos eu e Giselen,  Do tamanho da basílica turca da Hagia Sophia, um versinho batidinho com leite e chá, igual ao da vovó Varinta que até me dá assim uma preguiçazinha de terminar esse... Versinho para Sophia. Escrito em 05/06/2014 às 17h33 Está um sol for

Diário de um futuro papai: Um vestido para Sophia.

Uma leve brisa resfolegava no rosto da menina Sophia, tarde para sonhar com carinho e cedo para lembrar-se da tarefa da escola. Não tem jeito essa menina, fica andando de lá para cá, serelepe como sempre, nasceu assim, entre brincadeiras e balas de coco, era só assim que ela sabia ser feliz. Mas um belo dia, algo mudou a vida de Sophia, caminhava, como não fazia há tempo, pelo fundo de seu longínquo quintal materno, ia com medo de escorregar e cair. Esfolar o joelho doía muito e mesmo com a especialidade para curar meninas de sua mãe chamada Neve, isso seria muito torturante. Ai! Já pensava Sophia. Enquanto isso a árvore mais alta do universo, que dobrava a esquina de tão grande, ia caminhando ao lado de Sophia, como se soubesse que algo iria acontecer, como se antecipasse ao milagre da vida. E Sophia, como uma desbravadora de tesouros de algodões doce, apenas sorria para o Pássaro Viajante que a advertia sobre andar sobre os sonhos de outras crianças, mesmo assim Sophia nem ligav

Diário de um futuro pai: Eu, pai de uma menina: E por falar em Sophia...

Bom escrever para você não está sendo uma das tarefas mais fáceis na minha vida, talvez eu até nem consiga chegar ao final, mesmo assim prometo um esforço descomunal, somente para falar com você, Sophia Maleski de Castro, que ainda não sabe me chamar de pai, mas tenho certeza que sua sensibilidade já deve ter compreendido o quanto eu e sua mãe te esperamos. Primeiramente Sophia, digo que a primeira vez que a vi, você, apenas um conglomerado de células bem juntinhas, ainda coladas na parede do útero de sua mãe, foi uma decepção enorme para mim, algo sem precedentes na minha história. Calma, sem prejulgamentos. Eu já explico a “decepção”, continue lendo. Mesmo sendo um curioso irrepreensível, eu previamente fiz uma avaliação: Certo, nós vamos fazer a primeira ultrassom, daí a criança vai estar lá, corpo formado, cabeça, digitais e tudo que um ser humano tem direito! Não! Idiota! Não diga besteiras! Na verdade, não disse nada para ninguém. Depois confesso que deu muita vergonha per