Carta para Sophia. (Parte II)

Minha doçura de filha,

Pitoresco é imaginar que daqui há alguns anos, eu e sua mãe, não seremos mais tão necessários para você. Calma, digo isso, não que eu sofra de algum distúrbio de sofrimento antecipado, apenas para lembrá-la que as fraldas trocadas, em sua maioria por sua mãe, não serão mais indispensáveis. Você aprenderá a tomar banho, usar papel higiênico, escovar os dentes, pentear o cabelo, enfim, saberá de todas coisas que nós aprendemos com o passar do tempo, e um dia, e espero que este dia demore, você vestirá sua melhor roupa e dirá "Pai estou indo na casa da Paulina", e eu retrucarei: "Mas quem é Paulinha?", e você certamente com aquele ar de enfadonho responderá: "Pai, minha amiga da escola". 

Naquele dia, talvez, terá se completado a mágica da vida, minha linda Sophia, estará fora dos olhos atentos dos pais. Naquele dia dia haverá choro e ranger de dentes, tudo é claro imaginário. Rapinas, criminosos, psicopatas da minha cabeça sairão a busca de minha linda moreninha Sophia. É bem assim mesmo, mas sei que os deuses irão protegê-la, mas não custa nada espiar. Deixe de asneiras. Sua filha precisa de liberdade, alguém me diz. Eu digo que aceito, mas continuo a espiá-la do carro e ver se está tudo bem. O portão se abre e Sophia entra na casa da amiga. Conheço-a e sei que se comportará direito. Sophia liga depois de uma hora exata e diz: "Pai pode vir me buscar!", faço um ar aliviado, e saio no meu jato para trazê-la em segurança para nossa caverna. Com o rosto menos inchado como no dia 09/08/2014, ela agora dorme. Dorme como um anjo, e eu sentinela, praticando o exercício iniciado com meu bisavô José, continuado por meu pai Antônio e reproduzido fielmente por mim, matando os mosquitos que ousam tocar a pele morena de Sophia. Pá, mais um se foi. Pá, aquele não fará de sua vida, o sangue de minha filha. 

Assim é vida mesmo, como diz sua avó Nilva: "A gente faz de tudo por esses menino, e eles ainda num agradece.... Noites e noites acordada, esse menino com febre e tendo que pegar o ônibus e levar no João Paulo II (hospital)." É verdade.

Mamãe sabe das coisas.

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