Sophia em três dias.
Em "Assim falava Zaratustra", o filósofo alemão Nietzsche escreveu sobre um certo "eterno-eterno", conceito que se desdobra de múltiplas maneiras ao longo de toda a sua profícua produção de pensamento, sobretudo, conhecido pelo alto grau de criticidade. Mas não vamos falar sobre irrelevâncias e achincalhamentos filosóficos, quero discorrer sobre a passagem do 3º mês de vida da filha da mangueira alta e frondosa, que atende pelo nome Sophia, alguns a chamam de Sophie, outros de Sófi, eu chamo de menina, para não perder o costume.
Antes de citar um versinho pequeno que fiz em sua homenagem, quero agora abrir um pequeno parêntese. "Minha filha você completa amanhã dia 09/11/2014, três meses de vida, parece que nos conhecemos desde sempre, mas desde que a senti pele primeira vez, percebi que existia algo em mim havia mudado. E mudanças fazem parte da aventura que é a vida, com seus percalços, amarguras, alegrias, idas e vindas, a qual aprendemos e desaprendemos rotineiramente a como obter as seguranças necessárias. Das noites mal dormidas, quando ronco e como no dia em que eu e sua mãe, flagramos você no berço, roncando também. Foi um compartilhamento de ronco, ali havia você, mas pensei que fosse eu, migrando de um território a outro de seu sonho infantil. Não há nada que possa expressar o tamanho da alegria que é tê-la como filha, claro que você não pode ser só minha. Não sou egoísta e muito menos ingênuo em acreditar que nosso amor eterno. Não pode esse amor fraternal ser eterno. Não pode e nem quero, pois sendo eterno, ou seja, que está além do tempo, torna-se inútil pensar o amor em moldes tão transcendentais. Nosso amor é amor de poesia lida, é de sorriso quando sua mãe da-lhe aquele banho na banheirinha rosa de todo o dia. Vai ficar sem couro, hein, Sophia! Me foge o pensamento em devaneios e sonhos, quando da primeira vez que me chamar de pai. Penso muito no meu pai, o que será que ele sentiu quando o chamei de pai há alguns anos atrás, seu único filho homem, e você sua primeira neta menina. Ah, Sophia seu avô Antônio e sua avó Nilva são só chamegos contigo, planos de piscinas no fundo do quintal na largura do mundo e profundida de banheira, para você não se afogar, é perigoso de mais. Suas tias nem se falam, agora que você deu de proferir palestras inteiras durante a madrugada, fica complicado distinguir quais os parâmetros que norteiam a construção de sua longa narrativa, às vezes, quer dizer, na maioria das vezes, incompreensíveis. Bom Sophia, termino este texto/diário de um pai solitário, trabalhando nesta hora, limpo, banho tomado e cheiro, com saudades da sua mãe e também sua, e principalmente da minha mãe, que hoje, está aí contigo, cuidando de você, como cuidava de mim. Olha faça com seu filho também, se tiver soluço, já sabe, coloca um pedacinho pequeno de pano ou linha vermelha, o soluço é maroto, mas passa, a, se não passa."
Bate a porta da casinha de brinquedos, sonhos.
Pula corda Sophia com sua cor morena, quase cai, mas se cair, levante-se.
Amarelinha, igual quando faz algo errado, bate na porta.
Sophia diz ser sabedoria, tem muito a aprender sobre sabores e flores.
Bate a porta da casinha de sonhos, brinquedos.
Sophia faz festa de aniversário em 3 séculos, medida de tempo curto, vida grande.
Bate a porta, pergunto quem é, ela diz sou eu pai, Sophia.
Abro a porta, Sophia entra e diz que quer brincar na casinha de brinquedos, não era sonho, era Sophia chegando toda suja da rua, me chamando para brincar de sonhos.
Enfim, satisfeitas minhas necessidades de pai, lhe digo simplesmente que Sophia, você está crescendo muito rápido, enquanto você cresce, eu fico velho. Mas saiba que seu pai e sua mãe sempre estarão aqui a te esperar para cuidar de seus machucados da vida.
Neste momento estou trabalhando na Delegacia de Polícia Civil de Extrema como escrivão de polícia, hoje dia 08/11/2014, são 19h57.
Beijo.
Comentários
Postar um comentário