Dorme Sophia, Dorme Sophia...
casa vazia, estrelas não existem mais lá. sólido, meu coração intenta latejar um respirar humano. não há sabedoria nisso. há, talvez, distância. há, quem sabe, um sonho infantil á dominar o rosto de Sophia. sabedoria de criança é não sentir saudades. dor de adulto é que nem dor de ouvido, latente, latente, latente. Deixa o espaço íngreme, não vejo mais ela, Sophia, correr pela casa. Sorrir e dar gargalhadas. Onde está Sophia, será que se foi para outra ilha? Especulo que não. Não deixaria ela aquela casa, antes tão vazia, sem antes se despedir de mim. Sorriso de vento, vai-se embora que nem dá para notar detalhes. Esquina, lá onde moram os queres. Lá onde repousam os passarinhos, os palhaços, as meninas cor de rosa. Sapietia infantilis. Taxonomias inventivas tão desnecessárias, chega até ser redundante. Sem lógica alguma, meus pensamentos se descolam do previsível e penso levantar-me da cama, olhar o berço e ver Sophia, dizendo: "pai, já acordou?". Não se pode acordar da saudade, dorme-se pouco nas madrugadas, para esperar, esperar o sol, com a lívida esperança de que o sol trouxesse, já em seus primeiros raios invasores, a menina dos olhos reflexivos, Sophia. De tão pouco preciso, se alguém soube do paradeiro dela, me ligue, mande-me um e-mail ou apenas traga-a à força, seu pai está com saudade, e por estes dia vi passar no jornal Nacional, "Pai morre de saudades da filha que dorme no berço". É triste, mas saudade é um bem tão necessário, que nos faz escrever de saudade, apontar em cada dedo um pedaço de saudade. Jaz aqui um sorriso jardineira, colhem-se flores encimadas pelo orvalho da manhã.
Sophia volta para casa, eu prometo não fazer-te dar tantas risadas.
Dorme minha filha, seu pai reza.
Silêncio.
Extrema, quarto, relógio aponta 04h33, dia 22/10/2014.
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