Homenagem a Diego pelo aniversário.

Certa vez meu amigo Diego me disse que “poesia é pouca letra para muito papel”, confesso que na época não entendi muito bem, e agora depois de alguns anos, continuo não entendendo. Não porque não queira, mas sobretudo porque não quero compreender. Nem a frase e nem Diego. Por que entender quem não pode ser compreendido? Saborear Diego em sua ausência é quase uma masturbação de saudade, repetindo sempre as conversas e vivências passadas, reiteradas quando a memória vem á tona, e acabo eu, quase sempre, enchendo, metaforicamente, o saco da minha esposa Giselen, com bobagens que para ela, são meramente palavras ao vento.

Muitos dizem que alguns só se recordam dos amigos no dia do seu aniversário, penso que isso é uma inverdade, pois até hoje não sei direito qual o dia do aniversário do meu amigo Diego, e para não errar, acho que é todo dia. Mesmo no meu silêncio imposto pelo trabalho, pela ausência, até hoje sentida, pelo parto que ainda está por vir, escolhi este dia qualquer para homenageá-lo por este dia, por amanhã, depois de amanhã, e até o dia em que todos os deuses assim ordenarem. Apesar de ser uma raridade maior, devo muito da minha personalidade à você, meu amigo Diego, que entre vírgulas e pensamentos, muitos até dispersos, ajudou-me a escrever corretamente, fez as arestas da minha vida menos duras.

A lição sem moral da história, a escola pública da qual nós nunca saímos, os amigos em comum secretos, o discurso politizado no nosso primeiro dia de Unir, os dias em que compartilhamos sonhos, dificuldades, defeitos escondidos, medos vários, enfim, para ser amigo não precisa estar perto, como numa relação carnal/sexual, para ser amigo precisa estar longe, longe, longe de tudo que soa solidão, e mesmo quando já estivermos transmutados em sei lá o quê, tenho a certeza, em nenhum momento absoluta, que a pedagogia de uma amizade sincera continuará nos unindo para, enfim, tomar-mos uma cerveja, de preferência sem álcool, num fim de tarde olhando pro Rio Madeira, você de olho na garrafa e eu esperando um bôto se afogar bem logo ali. Mas como bôto é um cetáceo, e sei que ele não se afogará, iremos assim permanecer bebendo a noite em goles menores.


Enfim, neste dia especial, sem querer sem enfadonho, pretendia eu encher uma folha inteira de papel A4 com palavras bonitas, diria até com a intenção de contrair a frase de Diego e que talvez expressassem um pouco da minha felicidade em ser seu amigo, porém só consegui mesmo escrever letras livres que não preencheram nem metade de uma folha, mas que, espero, possam chegar até seu espírito livre e te dizer assim: “Parabéns, Parabéns, Parabéns, Parabéns.”


Como disse noutro dia o grande poeta Carlos Drummond de Andrade falando de seu amigo Vinicius de Moraes: “Vinicius foi realmente o verdadeiro poeta”, invento aqui uma resposta póstuma e digo: “Só reconhece um poeta verdadeiro que é poeta”. E assim termino minha homenagem a Diego, fazendo o feijão com arroz tradicional: “Felicidades neste dia e em breve estaremos juntos”.


Abraços do amigo, por enquanto, sem sinal de celular.

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