Segredo entre um pai e Sophia

Sophia, minha filha acorda do teu avô Antônio, peça que ele faça um café, que eu vou comprar pães e, enquanto isso, diga à sua mãe que frite os ovos, mexidos, está bem? Vá até sua mãe e peça moedas de saudades, veja se é possível comprar amor com moedas. Desconfio que não, mas vale a pena tentar. Olha mas não acorde sua avó Nilva, ela está cansada por demais, passou a noite inteira pensando na sua festa de boas vindas. 

Depois Sophia caminhe até a cama, acorda sua tia Guidu e diga à ela que o sol já raiou e o que banho está à sua espreita, apenas aguardando o momento para a libertação da água no corpo. Em seguida pegue sua bicicleta, e pedale como uma menina louca, com "coidado" para não cair e se estrebuchar toda, siga minha orientação, porque dói muito joelho/asfalto/sangue, e pai que é pai, até fica chateado às vezes, mas sempre quer o bem dos filhos. 

Pedale um pouco mais, depois mais, mais e mais, quando chegar no fim da rua dobre à direita no Sítio Vista Alegre, onde houver tangirineiras, laranjas, jaca, bois e ar puro, vá até lá, sua avó Sueli te espera com alguma guloseima, mas não exagere, e por fim, diga "obrigada vovó", dê-lhe um sorriso, peça a benção e brinque a tarde infindável de sua infância com suas primas e seus amiguinhos imaginários. Já cansada, retorne, não conte nada a sua mãe, onde esteve, pelos lugares fantásticos por que passou e nem das guloseimas da sua avó Sueli, por causas das cáries, está bem?! Segredo entre filha e pai. 

Sei que seu cansaço é maior, então deite-se no meu ombro, e, aproveitando-se do sono de sua mãe Giselen, você retorna sinuosa e silenciosamente para dentro da barriga dela, sem barulho, se não ela acorda, e aí já viu, ela nunca vai acreditar em nós. Xiii! Psi! Cordão umbilical em devido lugar e pronto, sono. Sophia dorme e eu olho aqui de fora, já com saudades suas.

Vida que insiste em redundar, alegria que transborda em toda a sua essência cósmica.

Para Sophia quando já souberes ler, de seu pai. 

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