E eu que só sabia dizer vovó Varinta?
E eu que só sabia dizer "vovó varinta"?
Quando eu era criança, lembro de minha mãe dizendo pra mim e minha irmã Guidu (não digam esse apelido à ela, ela só gosta que eu a chame assim, promessa de escoteiro leitores?) nos esperados sábados pela manhã, que íamos pra casa da vovó Varinta. Quanto barulho na minha casa. Nós na pressa de nos arrumar pra ir ganhar o dindim de coco que minha vó fazia pra vender.
Acho que ela tinha prejuízos financeiros catastróficos, nós sempre dizíamos que íamos pagar depois pra ela, mas o único dinheiro que a gente podia dar era aquele que no final da tarde, quando (...) quando minha mãe gritava ensurdecendo os animais de nossa floresta inventada, lá no quintal da minha vó tudo era bom: "Everson e Valéria! Vamos! Vão tomar banho! Pra gente ir."
Eu franzia a testa com olhar que retinia um :"Tá bom, mãe! Nós já vamos! e ela retrucava energicamente: "Agora! Já pro banho! Enquanto o "Já pro banho" ressoava simplificado na minha mente como que imaginando que cada gota de água da cumbuca significaria a cifra de flechas que penetrariam meu corpo franzino e magricelo. Horror, né? Em pensar que minha mãe dizia que água não tem cabelo, mas até hoje desconfio que água na pele de manhã cedo, ainda fere singularmente parte de meu espírito que ainda anseia voltar pro meu colchão posto ao chão da minha casa. Tudo bem. Dói em você? Em mim também. Mas acordar cedo e tomar banho com água da cumbuca da vovó Varinta só a gente podia tomar.
E nós dois? Desobedecendo a ordem da superior hierárquico-maternal, continuávamos a pulular de um lado para o outro naquele quintal da vovó Varinta. Aquele quintal dava de frente com o horizonte infinito de Colombo e seu filho Moroso olharam quando foram inventar a América para além da destruição. E de lá dava pra ver a linha do Equador e o Estreito de Gilbratar da minha cabeça de criança, que nem sabia pronunciar corretamente essas trivialidades geográficas que se ensinam nas escolas daqui e dali também. Era tudo tão trivial e curioso, que não se ensina isso nas escolas de cá.
E nós continuávamos a brincar de usurpar (digo derrubar com pedaços de paus, sabe-se daqueles que são dispensados do serviço militar obrigatório a que são submetidos os pedaços jovens de madeira, porém, ficaram ali no chão desalentados, acho que por excesso de contigência. Dava pena de ver, mas nós queríamos derrubar as pitombas. Fazer o quê? As pitombas que ficavam lá no alto daquele árvore gigantesca. Dava medo olhar para cima. Alguém cortou aquela árvore da nossa infância. Quando eu me for embora deste mundo que tanto amo. Quero ser metamorfoseado naquela árvore que dava pitomba. E a gente tinha que esperar cair para poder comer os frutos. Eu não queria somente os frutos (filhos?) bastardos que ela deixasse cair no chão da minha vó. Sabe... Parecia um "arranha-céu" no meio da selva do quintal da minha vó Varinta.
Voltando ao quando, antes de minha mãe gritar pra gente tomar banho de cumbuca (...) minha mãe nos arrumava pra irmos embora. E aquele dindim? Que pagava? Meu pai sempre dizia que pagava pra ela depois. Eu não acredito. Sempre olhava escondido na carteira dele e sempre via a mesma nota de índio com o número 20 que ele tinha pego com uma mulher num banco que dava dinheiro. Em síntese, não era o meu pai, o “papai Noel” que pagava os incontáveis “dindins” que nós chupavámos da geladeira antiga da vovó.
Naqueles dias descobri que não existia papai Noel, nem mamãe Noel e nem Mula-sem-cabeça, ela mesma (minha vó) era quem tirava de um cofrinho em forma de ursinho em cima da estante umas moedas que nós (tínhamos conclusões científicas, quanto à isso) ganharíamos quando ela dizia: "Pra ocês comprar a merenda na escola". Ainda lembro aquela voz rouca pela idade que passava muito suave como o vento que afaga o suor do viajante. Tenho saudades daqueles tempos que minha vó era mais vó.
E eu? que ainda não sei dizer vovó Evarinta? vovó Varinta é mais mulher e coisa de carinho de neto que cresceu, mas continua molenga.
Quando eu era criança, lembro de minha mãe dizendo pra mim e minha irmã Guidu (não digam esse apelido à ela, ela só gosta que eu a chame assim, promessa de escoteiro leitores?) nos esperados sábados pela manhã, que íamos pra casa da vovó Varinta. Quanto barulho na minha casa. Nós na pressa de nos arrumar pra ir ganhar o dindim de coco que minha vó fazia pra vender.
Acho que ela tinha prejuízos financeiros catastróficos, nós sempre dizíamos que íamos pagar depois pra ela, mas o único dinheiro que a gente podia dar era aquele que no final da tarde, quando (...) quando minha mãe gritava ensurdecendo os animais de nossa floresta inventada, lá no quintal da minha vó tudo era bom: "Everson e Valéria! Vamos! Vão tomar banho! Pra gente ir."
E nós dois? Desobedecendo a ordem da superior hierárquico-maternal, continuávamos a pulular de um lado para o outro naquele quintal da vovó Varinta. Aquele quintal dava de frente com o horizonte infinito de Colombo e seu filho Moroso olharam quando foram inventar a América para além da destruição. E de lá dava pra ver a linha do Equador e o Estreito de Gilbratar da minha cabeça de criança, que nem sabia pronunciar corretamente essas trivialidades geográficas que se ensinam nas escolas daqui e dali também. Era tudo tão trivial e curioso, que não se ensina isso nas escolas de cá.
E nós continuávamos a brincar de usurpar (digo derrubar com pedaços de paus, sabe-se daqueles que são dispensados do serviço militar obrigatório a que são submetidos os pedaços jovens de madeira, porém, ficaram ali no chão desalentados, acho que por excesso de contigência. Dava pena de ver, mas nós queríamos derrubar as pitombas. Fazer o quê? As pitombas que ficavam lá no alto daquele árvore gigantesca. Dava medo olhar para cima. Alguém cortou aquela árvore da nossa infância. Quando eu me for embora deste mundo que tanto amo. Quero ser metamorfoseado naquela árvore que dava pitomba. E a gente tinha que esperar cair para poder comer os frutos. Eu não queria somente os frutos (filhos?) bastardos que ela deixasse cair no chão da minha vó. Sabe... Parecia um "arranha-céu" no meio da selva do quintal da minha vó Varinta.
Voltando ao quando, antes de minha mãe gritar pra gente tomar banho de cumbuca (...) minha mãe nos arrumava pra irmos embora. E aquele dindim? Que pagava? Meu pai sempre dizia que pagava pra ela depois. Eu não acredito. Sempre olhava escondido na carteira dele e sempre via a mesma nota de índio com o número 20 que ele tinha pego com uma mulher num banco que dava dinheiro. Em síntese, não era o meu pai, o “papai Noel” que pagava os incontáveis “dindins” que nós chupavámos da geladeira antiga da vovó.
E eu? que ainda não sei dizer vovó Evarinta? vovó Varinta é mais mulher e coisa de carinho de neto que cresceu, mas continua molenga.
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