AO AMIGO EM TRÊS ATOS.



À Eduardo Joreu pelo seu septuagésimo quinto aniversário do ano de 2011.



Talvez seja muito fácil, ou até prepotente em demasia, dizer que somente porque se tem muitos amigos ao seu redor e que todos eles, permanecem e irão permanecer, ali, estáticos, para todo sempre, assim com o qual acontece com o nosso sistema solar, em que os planetas giram na órbita do “BIG STAR KING”, traduzindo, “coiso (pode ser bola, se preferir) grande que pega fogo e aquece também o praneta terra”.



Mas, falar de amizade, não será minha síntese protéica atual e menos ainda, a inspiração prosaica ou expiração poético-romântica deste texto. De um lado, encontro-me, alegre por ter a chance de escrever isto e do outro triste, pela distância que separa nossos corações fraternais, nesta brisa em que comemoramos o apagar das velas de seu bolo de aniversário.



Nascemos para a vida, no mesmo mês dezembrino. Repartimos o bolo com o pequeno Cristo que, quase entrou para a estatística do obtuário infantil do extinto Império Roamano, nasceu também. Bulafas! Mas se não fosse à intervenção humana do papa Gregório, hoje poderíamos estar a comemorar o natal cristão em qualquer dia, até no dia 11 de Setembro, quem sabe, não é verdade? Então, senhoras e senhores, mulheres e homens, crianças e transexuais, devemos louvores ao calendário gregoriano, ou melhor, a sagacidade do papa Gregório, que escolheu justamente o dia 25 de dezembro para que se comemore o natalício de Cristo, e assim, finalizar a liturgia do advento e do salvador do mundo, este um tanto defeituoso, mas ainda, um bom lugar para se viver.



Você nasceu no dia 04 dezembrado de 1986, eu nasci no outro dia. Você nasceu na ala onde as crianças choravam prematuramente. Você chorou, não foi, dessa vez, que você foi uma exceção, recordando nossos ancestrais primitivos, tu também chorou. Seu choro, penso eu, foi quase um clamor pela ação de despejo forçado perpetrado pela senhora biologia da vida, num lapso de tempo curto demais, que variou, entre a expulsão de seu antigo lar maternal e a luta pela adaptação ao novo meio ambiento do Novo Mundo. Impelido a respirar aquele ar estranho e estrangeiro, este, quiçá, bem aquém das expectativas e vivências de seus nove ou doze milênios em que compartilhou o alimento que era sugado através da “mangueira” de alimentos do cordão umbilical de sua genitora Maria. Maria? Coincidência ou não, você amigo, também nasceu de Maria... Não qualquer Maria e nem a mãe do menino Jesus, mas tratava-se dela, de Maria, sua mãe, aquela que a gerou e que com as dores do parto, que eu ainda bem, nunca sentirei in loco, pois deve doer bastante, cimentou na ideia realizada de seu nascimento, a esperança de que dias melhores viriam para o mundo e para sua família.



Antes de sua gênese, eras nada. Após o parto, sua geradora, apenas descansava no quarto de internação pós-cirúrgico. A tempestade havia passado. Você, amigo, apenas aguardava na sala contígua, aquele local onde os bebês ficam lado a lado em suas respectivas e passageiras incubadoras. Uns, desesperados somente choram solitários, outros apenas aguardam, olhando para o céu, não sabem nem o que realmente desejam. Acho que até a dimensão de tempo e espaço, perde um pouco de seu sentido original –se é que isso existe realmente- neste momento, afinal melhor do que o aconchego gratuito da barriga de Maria, suponho, não existiria troféu maior, para a o teste da vida, do que retornar para lá e permanecer mais 5, 10 ou 20 minutos ou quem sabe pela vida inteira.



E você? Onde estaria você amigo que mais tarde vai se chamar Eduardo Joreu de Oliveira? Onde se escondeu aquele menino? Ou era uma menina? Não! Não! Tenho certeza minha senhora, é um menino... (Maria dirigindo-se a enfermeira da ala neonatal do Hospital de Base/RO) Meu filho é um macho e tem o saco roxo... Sua mãe disse, exaltada e, ao mesmo tempo preocupada à enfermeira Fabiane Marinho. Onde está meu filho? Ele estava, ainda agora mesmo, aqui ao meu lado. Então onde estaria Eduardo Joreu naquela hora? Pensemos juntos, então.



Interrompemos nossa programação para dar um comunicado especial, a todos os cidadãos brasileiros, que o ilustríssimo senhor Presidente da República Federativa do Brasil, o senhor João Batista Figueiredo, assinou a medida provisória, publicada, hoje dia 04 de dezembro de 1986, no Diário Oficial Federal, de que “todos os bebês que nasçam a partir daquela data, devem ser registrados imediatamente e que ausente de certidão de nascimento no período superior à 24 horas, após o parto na unidade hospitalar, privada ou pública, acarretará a nulidade ou impedimento dos órgãos competentes para expedir certidões de nascimento com data posterior. É o Decreto. 152º Presidente da República do Brasil. João Batista Figueiredo.”



E agora, dona Maria exclamou! Olhando para a televisão do quarto. Um mau súbito parecia se aproximar. Meu filho onde estará você? Meu filho! (ouve-se um choro intimo) alguém o levou para lugar incerto e não sabido! Chamem a imprensa marrom! Chamem o Comando Policial! Chamem o Rogério Marques! Chamem o diabo à quatro, mas eu quero meu filho novamente em meu seio(onomatopéia para choro e ranger de dentes). Seios, que diga-se de passagem, transbordavam de leite, que as glândulas mamárias de mãe Maria, ativas e permissivas que estavam, preparadas para o serviço árduo de transmissão do líquido compensador à seu filho Eduardo Joreu. Era mais do urgente, que seu filho logo aparecesse, pois, do contrário, haveria um escarcéu necessário na ala “D” cirúrgica do Hospital de Base do Estado de Rondônia. Desconfio, até que, que uma sindicância administrativa poderia, logo ser instaurada. Afinal, como o jinglee propagava na época, “com certidão de nascimento, sou cidadão!!!”



Sem poder andar ou engatinhar tanto por falta de meios, quanto por falta de prática no exercício locomotor, o pequeno Eduardo poderia ter sido raptado quem sabe, ou mesmo poderia ter ficado chateado com sua repentina e forçada saída do útero materno de Maria, e deveria ter ido, “esfriar a cabeça por ai”. É.É. Sem devaneios, hein!?, Eduardo não poderia fazer nada, pois, nascido prematuramente, não sabia o que era andar, apoiando-se espetacularmente sob suas duas pernas, atualmente cabeludas e, quanto a ficar chateado, devo dizer que qualquer sentimento deste tipo, é necessário, que se exclua do quadro permanente de possibilidades, por se encontrar, fora da psicologia possível da fase anal freudiana de “eduardinho”.



Alguém, com um espírito imbuído de fraternidade e fruto da experiência da força vitae, achou por bem analisar melhor a situação histórica da família da criança desaparecida e fez a seguinte experiência: Esta experiência foi realizada pela senhora conhecida como “Vovó Chiquinha”, se você não a conhece, não sabe o que está perdendo.


Vovó Chiquinha, exclamou em alto voz, que ricochetou na sala sob a forma de um eco veloz e em estacatto.


“Ôh diiiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaboo!


Ao que o diabo responde: - Sinhora, vovó!


- Vem aquiiii diaaaaabo!


- To indo vovó!”



Dona Maria afônica e atônita, e ao mesmo tempo assustada com o repentino aparecimento do menino Eduardo, serelepe e grimpante ao chamado “carinhoso” de sua avó Chiquinha.



- Oh! Abestado! Onde é que tu tava demoniozinho dos sete cantos do mundo?! E ele, franziu sua, à época pequena testa, e disse: “Eu tava dormindo vó”. Tava dormindo até agora?, ela retrucou o menino.



Sua mãe Maria interfere e o indaga: “Onde é que tu tava dormindo desgraçado?” E, Eduardo calmamente respondeu: “Eu tava dormindo, dentro da sua barriga mãe!” Aí, eu acordei com o sol batendo na minha bunda e a voz da vovó me chamando, ai fiquei com medo, porque achei que ela ia me bater, daí fiquei paradinho.”



E todos na sala se entreolharam, inclusive os bebês que estavam nas incubadoras e todos logo concluíram, intimamente: “Esse menino tem jeito, vai ser feliz, professor de História e vai ter certidão de nascimento. Vai ser cidadão”.



Ah! Desculpe os erros ortográficos e semânticos, a culpa é sempre minha pelas incompreensões.



Feliz Aniversário do amigo, ora distante, Everson Castro.


30.11.2011 ás 18h16




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