"TODO VAGABUNDO TEM QUE MORRER!"

"TODO VAGABUNDO TEM QUE MORRER!"

Matou o "Outro" à luz da noite da noite. Noite escura era aquele jogo de palavras inúteis. O sangue que escorria pelas minhas veias, era o mesmo que endurecia aos poucos na parte mole do cérebro do "Outro". Escorreu o sumo do vagabundo e o fumo de um respingo era apenas o começo de outras guerras. Olho para trás. Ainda pensei no pai que nunca tive... Finda a curta vida daquele filho da puta. Era um filho da puta, sim! Curto a vida para os outros rumos. Não sei fazer versos, nem nunca estudei. A escola era um saco. Era foda olhar por entre as grades da sela. Era só dela que eu lembrava. Minha mãe era um doce quando não tomava pinga. Bebia e me batia. Eu só tinha treze anos. Filho da puta, vai ameaçar quem agora, hein?! Levanta seu monte de merda! Sangue nos olhos, rapaz! Me batia e me expulsou de casa. Não sou inocente. Comia minhas primas sob a lâmina de uma faca de serra. Ah! Se ela não me desse, dava uma bem na cara dela. Não anota isso aí não seu Delegado doutor, esse "b.o" não tem nada a ver com... Digo a verdade dos negócios que eu fiz. Queria só foder com ela do jeito que ela me contaminou. Contaminou minha vida com morte. Fui contaminado pela alegria de uma noite que se acabou em um filho enterrado indigente nos fundos de uma casa qualquer, ele tava protegido dentro de uma sacola de supermercado. Era foda olhar e pensar nela como se fosse meu último dia aqui em liberdade. Todos me olham e um ponto final me persegue por entre as folhas do inquérito policial... Em cada carimbo e assinatura há um resquício de sangue e culpa. Culpa?! O cara disse que ia me matar! Era ele ou eu, seu delegado doutor. Levei sete tiros para casa, guardei-os em meus pensamentos de vingança. Eu vou fechar aquele maluco. Voltarei lá. Matarei sem dó àquele que me olhar ou me encarar. Nunca encaro quem costumo matar. Era treta antiga, não me incomoda citar nome de vagabundo algum, só lei nossa para guardar esses nomes mesmo... Passaram-se horas, talvez dias ou semanas. Montei na garupa da Titanzinha do meu colega. Menti mais uma vez para minha federal. Era mais um verbo conjugado e flexionado de forma errada. Era errado conjugar o verbo? Era verdade falar aquilo que me faria bem. Vagabundo nenhum me desafora daquele jeito. Vou pra lá e dou um tiro na cara dele. Bandido é bandido sempre. Dando sopa assim, merecia levar os tiros que disparei nele. Furei ele todinho. Bandido bom é bandido morto. Morto. morto. Aprendi com um pastor lá perto de casa que matar é errado, mas se Caim matou Abel eu posso matar um desafeto. Caim não tinha arma, mas eu tinha um "três oitão" e assim matei meu ex-chegado. Espero com medo o dia em que serei eu vertido ao outro lado. O dia em que serei a ovelha dada em holocausto. Foi assim mesmo. Leia pra mim, porque eu não sei ler.

E nada mais disse e nem lhe foi perguntado.

Comentários

  1. creio que tal redação não tenha o intuito de fazer o publico mudar de ideia sobre o fato de que traficantes e assaltantes deveriam ser executados...

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