À propósito do "MITO" ou Porque não votar no "MITO".

A figura ao lado é a representação pictórica do "MITO DE NARCISO".

Em nosso atual "regime de historicidade", noção esta emprestada do historiador francês François Hartog em Regimes de Historicidade (2013), vejo pulularem senhores, supostamente configurados pelos intrépidos "fiéis" das redes virtuais, como verdadeiros e autênticos "mitos". O que em um primeiro momento se projeta em um horizonte passadista, ou seria mesmo uma mera resignificação histórica e cultural dos mitos gregos? É para pensar.

Por isso, me recordei que meu ex-orientador do PIBIC/CNPQ (Programa de Iniciação Científica), sempre me dizia: "Everson, antes de qualquer coisa, domine os conceitos". Por essa razão e fazendo jus a esta máxima do excelente e competente Prof. Dr. Alexandre Pacheco, pinço aqui apenas a noção de "MITO" a partir da obra O Mito do Estado (2003) escrita pelo filósofo alemão de origem judaica Ernest Cassier (1874-1945), o qual diz o "MITO" é:

"O mito é a própria simplicidade; nada mais é que a sancta simplicitas da raça humana. Não é produto de reflexão ou pensamento nem podemos considerar satisfatório descrevê-lo como produto da imaginação humana. A imaginação, por si só, não basta para produzir todas as incoerências, todos os fantásticos e bizarros elementos que o adornam. Será antes a ingenuidade primitiva (...) do homem responsável por esses absurdos e contradições. Sem essa ingenuidade ou "estupidez primeva" não existira mito". (2003).

Eu já li, e como estou fazendo Mestrado em História, pretendo relê-lo novamente, principalmente nestes tempos tão tortuosos, com este avanço monstruoso de "doutrinas", ideias e práticas em geral (das redes virtuais ao sistema pena) de tons e matizes diversas, mas de uma maneira em comum, conservadoras.

É necessário pensarmos de que tipo ou espécie de "conservador" estamos nos referindo. Acho que deveríamos discutir mais sobre isso. Não deixar que o debate raso e adialógico tomem conta de nossas conversas cotidianas e muito menos àquelas operadas no espaço público. Caso contrário, esses seres factóides, os quais eu poderia chamá-los "Os inomináveis", retomando o título do livro de Samuel Becket, continuarão sangrando nossa democracia, através de discursos vazios de sentido e de ações práticas mais vazias ainda, dos quais o sr. Jair Bolsonaro, Movimento Brasil Livre (MBL) e, infelizmente, MUITOS OUTROS tem se apropriado para construir, não soluções dentro do espaço democrática, mas apenas "mitologias autoritárias". E a arte é claro foi a vítima mais recente. (Refiro-me as exposições do Santander "Queermuseu: cartografias da diversidade" e outro a perfomance do MAM - Museu de Arte Moderna).

Esse conceito "mitologias autoritária" precisa ser discutido hoje, pois caso, contrário, os mitos Bolsonaro, Kim Katanguri e seus correligionários ganharão mais espaço para a fidelização do "não-debate", do "não-respeito" e etc. etc.. etc..

Não sou de esquerda, nem de direita, nem sei muito bem quem sou. Mas podem ter certeza, nós ainda veremos esses MITOS CAÍREM, para o bem da humanidade.

Então uma boa definição, mas não a única para MITO, podemos encontrá-la em Cassier, porém ressalto não é a única. Como diria a professora Wilma Suely, Dra. em Antropologia da Saúde e minha profa. do Mestrado: "Vamos conversar sobre isso?". Acho uma boa pergunta.

Obs.: Quando alguém lhe perguntar em 2018 você vai votar no "BOLSOMITO"? Uma boa resposta seria: Você sabe pelo menos o que é um mito? Quando a resposta vir, certamente você saberá porque não votar em um mito moderno da democracia brasileira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexões de Ano Velho.

Em busca de um título original.

"TODO VAGABUNDO TEM QUE MORRER!"