(...) entre aspas.

Vale lembrar que sempre escrevo as coisas fora da ordem estabelecida por meus editores, falo sobre temas os mais diversos possíveis, como viático para não entediar meus intrépidos leitores desta obra ainda em construção no qual sintetizo meus poucos pensamentos.

Sou como um pintor que tenta eternizar por meios de tintas e pinceladas desconcertantes num quadro, aquilo que a vida tornará provisório e passageiro. A vida é injusta conosco, os cheiros que sentimos agora são inúteis diante da brevidade e a morte caminha lado a lado com o cheiro de flores que nunca mais sentiremos daquele jeito.

Nossos relacionamentos amorosos se perdem de nossas mentes, uns poucos que ainda lembramos dos momentos de alegrias quase sempre a tristeza desbanda-se e choramos como crianças que tropeçam e levantam constantemente, até se tornarem racionalmente afeitas ao aprendizado que nos ensina que cair é apenas uma dor sentida provisoriamente.

Fico pensando as vezes onde estão meus pensamentos de ontem? de que serviriam hoje? ontem foi diferente de anteontem? ou hoje será igual a amanhã? inverto as coisas pra tentar copiar o filósofo alemão Nietzche. Ainda não consigo. Caminho pela normalidade e acho tudo muito bonito. Acho engraçado as coisas inúteis do dia-a-dia. Hoje me dei conta que sou normal. Isso é entediante.

E onde está a grandeza de se viver? Está em errar. Pecar todos os dias como se fosse o último. Viver o limite de um desejo. Desejar o limite de um sentimento. Sentir na carne a dor da vida e dar risadas quando a morte transmutada no ceifador que nos buscará um dia tocar em nossas portas. Não disse na porta da tua casa. Pode ser em qualquer lugar. Inclusive agora.

Você sempre enxerga a obviedade? Não trata-se de um exercício aplicado de filosofia analítica anglo-americana, mas sim, de uma discussão reservada aos não-doutos em matéria de vida. Eu queria ter o poder da palavra não escrita para entrar no coração das pessoas e inventar uma nova vontade de viver. Mas tenho preguiça e não enxergo tão longe. Fico nas beiradas da rua. Falando mal dos outros e chorando minha solidão. Não quero que sintam pena de mim. Quando eu morrer vocês me esquecerão todos os dias. Eu serei enterrado longe de suas mentes. Neste dia vocês estarão a sós também. Porque eu não serei nada. E o teu dia também não chegará como o meu não chegou.

Não acredito na possibilidade da normalidade não ser discutida, e todos correm pelo mesmo caminho e comem os mesmos alimentos com os mesmos trejeitos e gestos. E dão risadas. Tenho inveja destes que riem das coisas. Eles são mais felizes do que eu. Meu pai diz que Deus não dá asa para cobra. Acho que cobra nem precisa de asa, porque Deus tá ocupado demais pensando em criar asas pra ele mesmo, sumir do universo com tantos problemas a serem resolvidos, que vão desde as guerras no Afeganistão e Iraque até o mensalão do DEM no DF.

Haja paciência divina para tudo isso...

Por hora só isto me veio a mente e assim termino com pouco sangue e muita melancolia um texto escrito na calada da madruga enquanto todos rimam seus "pós-carnavais" com outros dias... e dores de cabeça. e outros limites que eu ainda não consegui chegar.

Antes de terminar, escolhi homenagear Drummond com uma gota do "O poema de sete faces." que diz assim: "Meus Deus porque me abandonastes, se sabia que eu não era Deus, se sabia que eu era fraco." o resto leia o poema de Sete faces que é de uma beleza apátrida e antimetafísica.

E o tédio chegou ao fim.

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