MÃENILVA
Amanhã é o dia dedicado a todos as mães do mundo, assim, então deixarei de lado um pouco das minhas milhas de lamúrias cotidianas que costumo colocar neste espaço das letras, para prestar uma homenagem singela e especial a minha mãe Nilvalanes Oliveira Rodrigues que está agora em outra cidade, alguns quilômetros de mim.
Para àqueles que não conhecem minha mãe - não melhor que a sua, mas possessivamente a mulher mais sentimental do mundo que é somente minha - Nilva, inclusive vou tomar de empréstimo de meu primo sapeca Josué Victor, que a chama carinhosamente de "mãenilva".
Mãe Nilva tem em cada célula de seu corpo a marca da luta de mulher, o peso das latas d'água que carregava nas costas para levar até nossa casa na periferia de Porto Velho, ela tem as lágrimas de sofrimentos que só ela guarda em seu coração de outros tempos, ela tem a alegria de dar risadas das coisas mais indescritíveis possíveis, ela tem a saudade de ter me carregado durante longos séculos em sua barriga de menina com 19 anos, com aquele corpo de atleta tão cobiçado pelos homens, e que eu em minha pequenez me alojei (sem pagar aluguel) dentro dele, para tentar mais tarde, em ter o prazer de me deliciar aos prazeres que a vida nos disponibiliza gratuitamente.
Minha mãe é engraçada, lembro que uma vez eu perguntei a ela, se seria possível que eu pudesse voltar para dentro de sua barriga, geralmente eu a indagava nos momentos de frio intenso que por vezes assolava nossa pequena casa construída de madeira pelo senhor Severino (que os deuses o tenham num lugar privilegiado), e ela respondia com aquela frase: "Porque é que tu não volta para o "saco" do teu pai?" Quanto amor da parte dela!!! Olha quanto carinho que mamãe me dá.... Minha mãe é assim, sempre com respostas criativas para uma pergunta idiota minha.
Minha mãe também pode ser dura e intransigente, sobretudo, quando isto estava relacionado ao momento de amor máximo chamado "hora de receber o boletim escolar da minha irmã Guidu", aí sim, percebemos a importância de uma hora ao mesmo tempo tão intensa, tanto quanto violenta, neste caso, vejamos as duas frases carinhosas que minha mãe dizia para ela:
I) "EU VOU LÁ NA ESCOLA PEGAR A P.. DA TUA NOTA E TU FICA AQUI EM CASA FAZENDO AS COISAS ("fazer as coisas, se trata do substantivo, executar as tarefas rotineiras domésticas, inclusive havia na minha casa, uma divisão interna do trabalho, coisa de ser fazer inveja a qualquer instalação fabril do século XIX);
II) "QUANDO EU VOLTAR, SE TU TIVER REPROVADO EU VOU SAIR ARRASTANDO TUA CARA ("cara" no dicionário dos termos materno-afetivos de minha mãe, quer dizer "rosto". Se bem que se ele fizesse mesmo o que sempre disso, suponho que a "face" real da minha irmã Guidu ficaria comprometida, e aí estaria eu aqui falando em defesa de "plástica facial". Ainda bem que minha mãe nunca ultrapassou o campo denotativo...) PELO CASCALHO AQUI DA RUA PRA TU APRENDER A TOMAR VERGONHA NA CARA! P...oxa, ESSA MENINA SÓ ESTUDA, E AINDA SIM VIVE TIRANDO NOTA BAIXA.
Essas duas frases exemplares de minha mãe, são um retrato de um período de minha vida que minha irmã certamente quer esquecer, mas que eu lembro com enormes saudades, já que naquela época a Praça Marechal Rondon era o lugar mais distante que eu costumava ir, lembrando que nós sempre moramos (eu e minha família) na ZONA LESTE VIDA LOKA. (praça que "os pessoal" de minha cidade natal, costumam chamar de "PRAÇA DO BAÚ"... Quanta inocência deles. Fato interessante, é que nossa praça é a única do Brasil, talvez até do mundo, quiçá do universo, que tem o nome de uma loja! São coisas estranhas essas de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia.)
Minha mãe é toda ela, e nela que estão as marcas de ontem, do presente e do futuro. É nela e dentro dela que eu ainda moro. Não mais onde eu gostaria de voltar na época das breves friagens rondonienses, em que eu me debatia entre o meu "não-querer" e "querer-da-minha-mãe" em tomar banho frio pela manhã, antes de ir à escola, que é pertinho de casa.
Minha mãe está em mim, hoje posso dizer com certeza que, como Jesus Cristo, disse na última ceia: "HOC EST MEUM", ou seja, isto é o meu corpo.
Mesmo estando tão perto e ao mesmo tempo tão distante, sinto uma falta que dói, do colo que exaustivamente me acalentava nos momentos mais difíceis de minha vida.
Abraços carinhosos do filho que está longe, mas que está perto de seu coração de mãe.
Obrigado mãe e feliz dia das mãe.
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