História Prostituída: A mulher que é senhorita da vida.

"Óh história ou Ó História grande, "mais de grande" o que tu és realmente?". És uma disciplina? Ou és apenas mais um curso de licenciatura plena? É pode ser muita coisa, e aquém do relativismo, pode ser tudo e nada. Acho que está mais para um niilismo sem graça. Então, pode ser isso para mais ou um pouco menos... Deixemos isto, como diria o filósofo Bachelard, para os nossos "devaneios infantis" de outras épocas.

Contarei uma estória simples. Simples como deveria ser a vida, mas infelizmente, do tamanho da cidade em que ora habito, todo sonho vira vida, e vida vira poeira com saudade. Saudade que se vai com o barulho dos caminhões pesados e barulhentos, que se se vão, que se vão... Acho que se vão? Se vão? Vão na direção de minha cidade imaginária portovelhina, como meu amigo Eduardo Joreu, bem demonstrou em seu texto fanstasticamente portovelhino.

Aqui os carros de água, passam defronte a minha casa e eu durmo. Acordo, levanto e vou dormir acordado. Se passam tão rápidos, que nem sei se vão para o branco rio ou para o cayari que eu sempre ensinei na época eu que eu engolia luz. Que monotonia essa de cidades grandes e de arranha-céus. Duvido que você se sente sozinho em uma cidade pequenina como New California. Duvido de ó dó. O que será, né?

Estes dias conheci uma mulher tão machucada pela noite que não se finda, de um dia que nunca acaba, de um sofrimento no olhar que causa um desacato inconciliador, a dor que não se reconcilia, a dor que não se limita a se esconder, a força que se enfraquece diante da busca incensante pelo outro. Pelo outro que explora, pelo outro que não governa seu próprio governo. Pelo corpo que se vende, por uma paga, tão pouco que se deita, levanta, lava, lava, lava a roupa e vai se embora para onde ninguém sabe. Ela sangra pelo sorriso cariado. Sorri poucos minutos, pois o lance foi muito rápido. O lance da vida é foda mesma. Tão rápido que quando a gente vê, já passou. Não naqueles bondes antigos do rio de janeiro do ínicio do século que eu nunca vi, mas acho que mais rápido do que a minha intenção em imaginar aquela mulher.

Mulher. Confesso. Era uma mulher. Mulher longe de mim, mais tão perto de sentimentos tão perdidos hoje. Tanta falta de vida. Tanta falta que ninguém se toca. Se até aqui chegou, arrume seu lenço na cabeça. A vida é muito linda mesmo, como um encontro me causou tanta vontade de vida...

Eu, menino curioso, lhe perguntei: Qual a sua profissão senhora, por favor? E ela respondeu com um sorriso grande e poucos dentes: "Não sou senhora, tá? Sou uma senhorita. E minha profissão é. (pense na profissão dela agora)... Eu trabalho na "ZONA DO BAIXO MERETRÍSSIMO (ZBM)".

Este texto foi escrito para a senhorita que eu não lembro seu nome. Mas que sua força, mesmo diante de tanta violência, é o alimento para a vontade de vida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexões de Ano Velho.

Em busca de um título original.

"TODO VAGABUNDO TEM QUE MORRER!"