CRISTINA
Nada pode ser escrito por mim, sem que isto me cause uma dor tão profunda, como aquela angústia que sobrevive à sombra do tempo, à parte de um alimento vindouro que a melancolia da falta não cicatriza em minha carne espiritual. Da falta de presente, da falta de dias inteiros sem tua presença, da falta de vergonha na cara em pensar desse jeito às vezes tão infantil. Nada daquilo que eu tenha tentado te dizer satisfaz minha verdadeira vontade, a minha vontade é muito maior do quê pegar o primeiro trem que me leve até tua casa no alto daquela montanha amazonense. Há montanhas na Amazônia? Há coisas que há neste mundo que deviam ser mais comuns e existentes, assim estaríamos mais próximos do céu. Do céu? Há algum tom espiritualista nisto? Não. Há somente umas poucas planícies amazônicas.
Certo de que o que há é apenas a vontade insana de que a lembrança que tenho de 17 séculos atrás de seu rosto em chamas possa se materializar à minha frente enquanto escrevo estas poucas palavras ao vento. Assim posso parar de escrever e viver mais. Viver é melhor que escrever, isso todo mundo me diz. Mas enquanto o seu Raimundo, o padeiro que já morreu, que morava perto de minha antiga casa de madeira não passa " de tardizinha" vendendo aquele pão doce delicioso na minha porta, não posso levantar e voltar ao dia que ouvi que tem algo em você que me apaixona.
Tem algo em você que me apaixona, tem algo em você que me apaixonado. Queria ouvir isto mais de uma vez ao dia, como o remédio imaginário que tomo todas as manhãs para amenizar tua falta. Parei cedo demais de viver meu presente, a minha tolerância durou apenas poucas horas e ainda assim sinto santas/supremas saudades suas, mais do que cansaço de um dia que se foi e que talvez não volte nunca mais.
Eu e essa de voltar ao passado... Eu e essa de pensar que você poderá incertamente estar ao meu lado agora.
Quanto vale uma vida? Não importa O ANTES ou O DEPOIS de você, de nossa História, importa O AGORA, presente, pressentimento estranho esse de achar que você está aqui do meu lado. Olha para o lado da cama e ainda sinto seus passos dentro de minha casa.
Será que não está mesmo? Vou fechar meu livro. Dormirei um pouco, vai que te encontro no sonho desta noite, oh noite que dorme, dorme mais que meu amigo Eduardo Joreu?!
Vai que tenho a sorte de te encontrar neste sonho... Do contrário usarei minhas mãos para dar vida à argila de teus traços corporais que guardo publicamente desde os 17 séculos atrás em minha mente.
Cristina, não fique chateada comigo, mas tenho pontiagudas saudades de sua ausência.
Isto foi escrito especialmente para Samara Cristina Ralile.
rs.... dentre todos este o mais apaixonante!
ResponderExcluirby:cristina.