MAIS UM DIA DOS NAMORADOS, SEM NAMORADA: O VELHO FALA SOBRE AMOR.

Você já pensou que assim como há o dia das mães, dos pais, do amigo, do professor, do aluno, há também um dia dedicado ao Outro (a) que te ama, àquele (a) que te completa na sua essência humanitária mais primitiva, àquele que satisfaz os teus "desejos mais sacanas"? (plágio do trecho da música do Engenheiros do Havaí). É verdade, estamos próximos do dia 12 de junho, o dia dedicado aos namorados. E você já sabe o que vai ganhar de presente? Não? Sim? Preste bem atenção nisto, já que estamos falando:
Daquele (a) que te ouve sempre que você está chateado com alguma coisa, ou como bem nos retumba Rogério Marques, "emputecido(a)", com a "mijada" que você levou do (a) chefe hoje? Em síntese, aquela outra parte do seu coração (ou será o cérebro?) repousa em uma espécie de silêncio quase sepulcral, na gravidade da poesia que escorre por entre os devaneios de sua imaginação daquele (a) que ama, mas que ao acordar será sentida pela voz que ecoará pelos cabos de fibra ótica para lhe dizer, neste dia: "Bom dia, meu amor! Feliz Dia dos Namorados"
A proximidade de uma data comemorativa, sempre me instiga a pensar no que de diferente isto trás para cada um de nós, sempre me instiga, caro leitor, porque o que tento fazer aqui é me diferenciar dos outros e assim, pelo menos tento, solidificar a possível construção de um canal de comunicação razoável entre o virtual e o nosso real de cada dia. Sim? E aí? O que isso tem a ver com a conversa? Vamos parar com este papo metafísico, e parta logo para nossa discussão central de hoje:
Sim senhor, seu desejo é uma ordem. E aí vai, valendo 1 milhão de libras esterlinas, o que acha A. M. deste valor? Está melhor para você? Tempo!! Para que você vá até a cozinha, pegar um copo de refrigerante. Eu espero aqui, prometo, fico aqui inerte, com os meus pensamentos jogados a esmo... Sem mais embrolhos desnecessários, vamos ao que interessa.
Porque comemorar o dia dos namorados?
Simples assim? O que há de diferente nesta pergunta? O que há de tão especial nisto? Vamos embora, então, pois o caminho é longo, já que não vejo tantos motivos para continuar lendo este texto inútil grudado a tela do meu computador...
Então, mesmo a contragosto de meu ego, que vocês acabaram de ouvir nos trechos acima, irei tentar dividir este texto em dois times de opiniões que irão se diferenciando à medida que os conflitos forem se tornando mais acirrados e sangrentos, aí a diferença irá aparecer. Ou seja, quando um time encontrar o outro, aí veremos sangue de mentirinha rolar pelo chão, afinal, a batalha só termina quando um dos dois se der por vencido, ou você mesmo vier a perceber a ineficácia das armas utilizadas dentro do campo de guerra da discussão.
Eis então a apresentação dos duelantes:
De um lado do campo, estão aqueles que estão namorando há pouco tempo, tipo há 2 (dois) meses. Óh! Tempos vindouros de mãos entrelaçadas de tardes e que a cidade não nos dá a mínima atenção. Estes mesmos dedos que se conjugam no encontro compartilhado de suores, medos, alegrias, água da chuva, desejos dito e não-ditos, e principalmente, o afã da vida que se renova no DNA do amante-presente. Por todos os deuses, que beijos intermináveis são estes? Não se acabam com a secura da saliva transformada em perdida, já que nunca se volta da mesma forma ao mesmo beijo, mesmo que se volte a mesma boca poucos instantes depois de tê-lo dado. Isto Heráclito, teria dito se tivesse beijado o córrego que tanto filosofou, mas duvido tenha amado mais do que você que agora ama há pouco tempo.
E você, amante a pouco tempo, e suas longas conversas ao telefone celular, confesso que dá pena até de imaginar o quanto custariam realmente, se não fossem os bônus que as operadoras disponibilizam de bom grado a estes. Minha Vó Varinta dizia para minha mãe assim: "NILVA, deixa esse menino comer, ele tá em fase de crescimento". Olha que linda declaração de amor a vida. Vovó Varinta com a sua sapientia de sempre queria dizer pra mim assim, já naquela época infantil, aquilo que todos nós aprendemos mais tardiamente, que é necessário que desfrutemos da vida em sua totalidade, do contrário, a comida acaba e o amor passa... Ó! Minha Vó exagerou em sua proteção, eu cresci bastante mas continuo menino. Acho que são as avós que deveriam dar aula de amor a vida, elas nos amam como filhos de nossos filhos e mesmo assim nos sentimos tão especiais quanto a flor mais bela do jardim dos deuses.
O amor dos namorados a pouco tempo é puro do tempo que ainda não passou e isento das iniquidades que talvez a proximidade daquele que era o Outro, agora o muito conhecido venha talvez se tornar. Agora ele é conhecido em detalhes do corpo, sorriso, personalidade, sabe com que palavras reagirá a determinadas situações, o que o deixará chateado (a), quais palavras lhe fazem bem a alma, ou seja, o próximo, está tão próximo que nos enfastia dessa proximidade, somos tentados a prejulgamentos do Outro, como se o Outro nos fosse objeto de posse e o coração dele (a) o nosso fim último do bandido, daquele que rouba corações.
O amor dos amantes a pouco tempo deve tentar ser simples em sua amplitude, sem aquelas falsas-simetrias e condicionamentos sociais quanto a riqueza ou beleza (se é que é possível), sem prejulgamentos que antecedem a surpresa do presente dado e falsamente recebido com aquela alegria. O tempo pode ser cruel demais com os amantes a longo tempo, a medida em que o tempo aprofunda os laços de compartilhamento, tende a nos naturalizar, ou seja, cai-se no sonambulismo do "cair na rotina", neste ponto, percebe-se que os amantes passam por um processo de "simplificação" do amor, tudo é muito a mesma coisa, o beijo não muda, a língua que sempre vai para o mesmo norte, o toque das mãos que não é surpresa mais, sinteticamente, sabemos, que isto, pode ser dura realidade de alguns casais, só sabe quem já passou por isso, não é verdade?
Este imensurável alimento para os escritores, poetas, religiosos, e tantos outros, é a "síntese proteíca" dos vários sentidos que o amor traz em si, como uma marca da experiência imediata do Outro, tempo privilegiado para o conhecimento de um mundo que vai se descobrindo em pedaços pequenos e deliciosos, aquilo que era tão estranho e desconhecido, agora me é claro e lúcido. Isso só o tempo dirá. Tempo de perder um pouco do egoísmo e perceber as belezas e limitações que a vida carimbou na alma do ser amante.
Então neste dia, se você já tem seu namorado (a) ame-o perdidamente, como se o dia 13 de junho também fosse o dia dos namorados.
E se você não tem namorado (a), não se preocupe tanto. Saia com os amigos, dê muita risada e aproveita o dia, porque amanhã depois do dia dos namorados vem o dia 13, e aí, quem sabe o dia 13 não seja o "SEU" dia dos namorados.
Feliz dias dos namorados.
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